Embora tanto a Coreia do Norte, como os EUA neguem que tal ataque partiu deste país comunista, é óbvio que foi assim que aconteceu. E o temor gerado por tal feito foi tal que apenas dois cinemas nos EUA se dispuseram a exibir o filme.
Foto: American Uncensored News Network |
O que podemos pensar então de tal acontecimento? Kin Jong-un é uma figura conhecida por seus excessos e maluquices, que causam risadas em quase todo o mundo (os norte-coreanos é que não devem achar nada engraçado, por respeito, ou o que é mais provável, por temor). Mas a verdade é que as grandes potências ocidentais não tem coragem de tomar uma atitude mais drástica contra o regime que, provavelmente, massacra a sua população. Parte porque este é apoiado pelo que hoje é o motor da economia mundial, a China. Parte porque os norte-coreanos tem armas nucleares, ainda que estas provavelmente só tenham alcance regional. Tal situação mantem a Coreia do Norte imune a possíveis ataques. Ou seja, serve como uma poderosa barreira de defesa.
O filme de comédia A Entrevista era mais um motivo para dar gargalhadas, através da provável ridicularização da figura de Kin Jong-un Porém, os norte-coreanos dessa vez não estavam com muito bom humor e mostraram que, se suas forças militares não são lá muito poderosas (provavelmente devem estar, em boa parte, sucateadas), seus meios de ataques cibernéticos tem o poder de arrepiar os cabelos da nuca de Barack Obama e demais líderes ocidentais. O ataque hacker teve tal magnitude que fez com que uma das companhias mais influentes do mundo preferisse ter um gigantesco prejuízo financeiro à enfrentar outros problemas.
Isso mostra que Kin Jong-un pode até ter parafusos a menos e um jeitão muito engraçado. Mas, no mundo totalmente interligado de hoje, em que tudo é controlado por computadores e internet, a Coreia do Norte tem um dos mais poderosos exércitos virtuais do mundo, além de ser o país menos vulnerável à ataques cibernéticos do globo, por causa de sua intra-estrutura antiquada. Um ataque hacker que desabilitasse, de alguma maneira, sistemas cruciais ao funcionamento de um país como os EUA, tais como sistemas de transações financeiras ou distribuição de energia, poderia arrasá-lo economicamente e trazer o caos total.
E, pela real possibilidade de que tais ataques possam ser executados, a decisão que a Sony tomou certamente tem influência governamental.
A verdade é vivemos um momento muito particular na história. Pela primeira vez os países mais desenvolvidos tecnologicamente são também os mais vulneráveis a ataques. E os atacantes não precisam gastar fortunas com armas de guerra. Formar pessoal com gigantescas habilidades para burlar os sistemas de proteção computacional de países desenvolvidos e grandes empresas multinacionais exige muito menos recursos que formar soldados.
Países como Coreia do Norte e Irã, e até mesmo movimentos como o Estado Islâmico, além outros grupos, desde neonazistas até mesmo traficantes de drogas, representam ameaças muito mais sérias hoje do que a 20, 30 anos atrás. Eles tem o poder de gerar verdadeiras SHTFs sem disparar um tiro sequer.
Não seria exagero dizer que as grandes potências temem, e muito, Kin Jong-un. E muitos, muitos outros grupos. Talvez até mesmo alguns dos quais o grande público nem tenha conhecimento...