A gente não tem ideia de como será uma situação, até passar por ela. Estamos a 24h sem água aqui onde moro. Sem saber disso, não só mantivemos o consumo normal de água, como também, toda a roupa das pessoas da casa foi lavada. O resultado é que, à noite, a caixa d'água esvaziou. A sorte é que tem água reservada numa cisterna e também em grandes tonéis que captaram a água das recentes chuva. Porém, já começamos a ter alguns "desconfortos". Primeiro, o banho ontem não pode ser de chuveiro. Tivemos que pegar um balde e um pote para nos lavar. No friozinho que tem feito, foi um certo "sofrimento". E no caso do meu filho pequeno, tivemos que esquentar a água, pois ele ainda está se recuperando de uma gripe. Depois, sem poder dar descarga, tivemos que encher o balde no lado de fora, carregar até o banheiro e despejar a água na privada. A pia está repleta de pratos e, a sorte é que temos galões de água mineral para beber. Não há previsão de quando a distribuição de água será normalizada.
Não estamos correndo nenhum tipo de risco. Mas, o simples fato de ter que carregar água num balde, para tomar banho e dar descarga, além de não poder lavar os pratos já é um aborrecimento. Ainda mais com uma criança pequena em casa. Ficar sem aquela chuveirada dá a impressão de que não se tomou um banho "de verdade".
Esse episódio mostra algumas coisas:
Sou sobrevivencialista, me preparo, tenho a consciência de que situações como a descrita acima podem se tornar permanentes. Mas mesmo assim é estressante. Agora, imagine isso numa SHTF. De repente, de uma hora para outra, ficar não só sem água, mas também sem energia, sem comunicações, sem poder fazer as coisas da maneira como estamos acostumados. Mesmo para quem se prepara, é um baque.
A crise, quando vier, não vai anunciar a sua chegada com estardalhaço. Muitas vezes estaremos num cenário de crise sem nem perceber à princípio. Por mais que nos preparemos, não vamos achar que toda vez que ficamos sem energia, ou que toda vez que faltar água, é por que a crise começou. Nós, como todo mundo, vamos demorar um pouco a perceber que o negócio ficou sério. Vamos esperar um pouco para as coisas voltarem ao normal.
Mesmo num evento insignificante como o descrito acima, mostra a importância da preparação. Se não tivéssemos água guardada, estaríamos sem banho e com a privada suja. Se a situação perdurasse, teríamos que ir atrás de água. Num mundo normal, poderíamos recorrer aos vizinhos, aos pais, aos sogros, até mesmo aos amigos. Mas, diante de um cenário de crise, não ter água seria fatal. O banheiro se transformaria num potencial foco de doenças. Eventualmente iria acabar a água mineral. E aí? Desespero na certa.
Devemos, portanto, nos manter sempre preparados, e dar especial atenção à questão da água. As notícias sobre a situação das reservas de água para o consumo nas cidades não são animadoras. E pode ser que este episódio descrito acima possa ser um problema mais sério do que pensamos à princípio.
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