Toquei neste assunto recentemente, mas eu acredito que seja necessário falar um pouco mais sobre isto, face à novas notícias que surgiram.
Hoje li uma matéria que me soa no mínimo inquietante. Acharam frascos com vírus da varíola em caixas de papelão abandonados em um depósito desativado do Instituto Nacional de Saúde, em Washington, EUA (a matéria está aqui). Alegaram que os frascos estavam congelados e lacrados e que o vírus em seu interior estava morto. Eu sou completamente leigo em relação à tudo que envolve biossegurança, mas deixar um material tão perigoso como esse "esquecido" é uma negligência sem tamanho. Se o material não estava devidamente registrado, qualquer pessoa poderia, em princípio, tomar posse dele. E se, ao contrário do que dizem, o vírus não estava morto, apenas latente? Ou, mesmo que morto, houvesse material suficiente para que pessoas com más intenções pudessem recriar o vírus? A varíola foi uma doença que se extinguiu em meados do século passado. Se uma nova cepa desse vírus aparecer, nós não temos defesa imunológica contra ela. Amostras são mantidas guardadas para pesquisa, o que na minha opinião é uma tremenda loucura.
Este episódio é assustador porque ocorreu num dos países onde a questão da biossegurança é levada mais à sério, e onde existem órgãos de controle de doenças, como o CCD, que são responsáveis por registrar este tipo de material. Agora, imagine o que pode acontecer em países como a Rússia ou outras antigas repúblicas soviéticas. Existem amostras do vírus da varíola guardadas também na antiga União Soviética, onde os mecanismos de controle são menos severos.
E o perigo não é só relativo ao vírus da varíola. O que impede a possibilidade, por exemplo, de um bioterrorista de extrair amostras do vírus Ebola de algum dos doentes, ou até mesmo de cadáveres para estudo? Os países do atual surto são paupérrimos e muito provavelmente umas poucas dezenas de milhares de dólares (talvez muito menos) resolveriam o problema do potencial bioterrorista. Se esta praga adquirir a capacidade de transmissão de pessoa para pessoa por via aérea, pode tornar o Antraz brincadeira de criança. Como as agências responsáveis pela biossegurança estão se preparando para a eventualidade do Ebola ser usado como arma? Existe algum controle desta natureza sendo feito? Muito provavelmente não, pois não conseguem nem controlar o fluxo de pessoas contaminadas entre as fronteiras desses países. Já existe a suspeita de que a doença chegou à Gana, tornando este país africano o quinto a ter casos de Ebola no atual surto.
Pelo que sei, ao contrário do que é mostrado em filmes como Resident Evil, em que um sujeito entra e sai de laboratórios de biossegurança máxima como se tivesse entrando e saindo da casa da Mãe Joana, o processo de entrada e saída de um laboratório assim demora cerca de 24h. São várias etapas até chegar à área onde estão os microrganismos mais perigosos. E ainda mais etapas para a saída. Medidas como essa são tomadas tanto em laboratórios governamentais como em empresas de biotecnologia. Mas, quem garante que cientistas financiados por algum grupo, para usar a biotecnologia como arma, estejam trabalhando com esse tipo de coisa sem muito cuidado com a segurança? Ou mesmo que haja todo esse cuidado, quem garante que o produto das pesquisas não será usado em atentados? Quem garante que alguém ache a sociedade ocidental imoral e decadente e a partir daí querer infectar as principais cidades com o produto de seu trabalho?
Sabemos que os serviços de informação das principais potências mundiais certamente levam esse tipo de terrorismo muito à sério. Mas, vejam o estrago que um Eduard Snowden causou à NSA e ao governo americano.
Tudo não passa de conjecturas. Talvez não seja tão fácil usar microrganismos como arma. Talvez não seja fácil esconder instalações de pesquisa para esse fim. Imagino que não há pessoas especializadas nas áreas extremamente específicas da biotecnologia dando sopa por aí. Acredito até que os governos monitoram muito bem quem resolve estudar este tipo de coisa. Mas, por outro lado, existe a sedução do dinheiro. E sabemos que algumas pessoas são bem suscetíveis à ela.
E, mesmo sem o nefasto auxílio do homem, a Natureza pode produzir combinações de microrganismos potencialmente letais. A maioria das pandemias, como a Gripe de 1918 surgiram quando ainda nem se sabia o que era um vírus.
O que nós, sobrevivencialistas, podemos fazer é ficar sempre atentos às notícias, e, em caso de pandemias, agir da melhor forma possível. Se refugiar, ficar longe de grandes aglomerações de pessoas, ter as suas preparações...
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