terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sobre China e El Niño

Algumas notícias que surgiram nos últimos dias e que devem nos deixar em alerta, pela conjunção nefasta de fatores que isso representa.

A bolsa de valores chinesa teve perdas de quase 30% nos últimos dias. Mas este não é o ponto mais perigoso do fator China. Tanto é que, apesar do tombo de ontem, hoje as bolsas europeias recuperaram grande parte das perdas. O problema chinês é que não há como saber, graças a falta de transparência da economia que é controlada com mãos de ferro pelo governo, a real extensão da degradação econômica. Talvez a China seja a maior bolha financeira deste século, fazendo com que a bolha das empresas de internet no começo do século pareca brincadeira de criança. Não há garantias reais de que os dados econômicos chineses não tenham sido maquiados ao longo do tempo.
Enquanto isso, cientistas alertam que o fenômeno El Niño, que é caracterizado por um aquecimento anormal das águas do Pacífico, que por sua vez altera o regime de circulação atmosférica global, causando, por exemplo, secas mais intensas e prolongadas em locais como o Nordeste do Brasil e chuvas mais intensas no Sul, será o mais intenso desde que começou a se registrar este tipo de dado, nos anos 1950. 1997, o ano com o El Niño mais intenso já registrado, foi o ano mais quente que se tem notícia. As projeções dos cientistas indicam que o El Niño deste ano poderá aumentar a temperatura da água do Pacífico em até 5ºC, algo jamais visto. Além da já referida seca no Nordeste, este também causará um aumento da temperatura na região Sudeste.
Caso se confirmem estas duas previsões, teremos um cenário realmente desesperador para os próximos meses.
De um lado, uma eventual crise chinesa afetará o principal comprador de produtos brasileiros, acentuando a já grave crise econômica que nos atinge. Isto levará ao governo a reduzir ainda mais os gastos em obras de infra-estrutura, nas quais se incluem os reservatórios de água para consumo humano e também para a geração de energia elétrica. Por outro lado, estas obras, principalmente no que diz respeito à água e energia jamais foram tão necessárias, por causa das perspectivas climáticas.
A situação se torna a cada dia mais grave. Mas a sociedade civil organizada e os governos parecem não perceber (ou fingem não perceber) que o Brasil pode estar entrando na crise mais séria de sua história.
O que a comunidade sobrevivencialista deve fazer é continuar a se preparar.

Pode soar pessimista, mas essa é a realidade que os anos de falta de medidas preventivas sérias por parte dos governos nos deixou de herança... Não vou nem tocar no assunto do porque o clima está mudando...