domingo, 24 de maio de 2015

Sobre Estado Islâmico E A Volta Da Ameaça Nuclear

Foi divulgado recentemente na imprensa internacional que o Estado Islâmico teria a capacidade de adquirir armas nucleares através do Paquistão, país que possui um arsenal nuclear.
Este é um fato que deve ser analisado com bastante cautela.

O Estado Islâmico possui dinheiro suficiente para obter armamentos de quaisquer tipos. Porém, ao contrário do que os filmes de agente secreto mostram, não é tão fácil comprar e transportar uma arma nuclear por aí. Para começar, todas as armas produzidas no mundo são rigorosamente controladas. Mesmo no caos que se transformou a antiga URSS durante a sua desintegração, as armas nucleares permaneceram sob o controle das Forças Armadas Russas. Instalações nucleares são extremamente protegidas (ou pelo menos monitoradas), não só pelas forças armadas locais, mas também por vários outros países, em especial os EUA. Em caso de tentativa de invasão/roubo, esta certamente seria detectada em vários lugares ao mesmo tempo e ações seriam tomadas no sentido de impedir tal fato (provavelmente sem respeito algum em relação à soberania nacional, principalmente em países como Paquistão e Coréia do Norte). Além disso, armas nucleares não são o que se pode chamar de portátil. Pesam centenas de quilos, com o material radioativo e todos os mecanismos responsáveis por seu acionamento. E são fáceis de serem detectadas, pois emitem grande quantidade de radiação. A tecnologia para produzir materiais nucleares, como o urânio com alto grau de pureza, usado em bombas e reatores, é um processo dominado por poucos países (entre os quais, o Brasil), é muito caro, difícil e facilmente detectável.

Agora, existe um outro tipo de dispositivo explosivo que utiliza radiação como arma, mas não é nuclear. Trata-se da bomba suja. Consiste explosivo comum envolvido por uma certa quantidade de material radioativo, como por exemplo o césio-137 (responsável por várias mortes em Goiânia, num acidente nos anos 80). Tal dispositivo poderia contaminar por décadas bairros inteiros de uma cidade. Ao contrário de uma arma nuclear, este não exige muita tecnologia para ser fabricado.

Imagine uma dessas bombas sujas sendo detonada no centro financeiro de uma cidade como Nova Iorque. Seria uma forma eficiente e barata de trazer o caos econômico aos EUA (e a boa parte do mundo também).

Não quero dizer aqui que é totalmente impossível para o Estado Islâmico conseguir uma (ou várias) armas nucleares. Os sistemas de vigilância nuclear são realmente muito bons. Mas não são infalíveis e nem incorruptíveis. Países com capacidade nuclear e que são antagonistas das potências ocidentais, como a própria Coréia do Norte, usam muito de retórica quando ameaçam usar sua força nuclear. Mas na prática não vão fazer nada, pois um ataque dessa natureza seria assinar a sua própria sentença de morte, o que não seria interessante para um regime que quer manter o poder em suas mãos. Países assim tem em suas armas nucleares a garantia de não serem diretamente atacados pelas grandes potências. Já grupos como o Estado Islâmico parecem não ter essa preocupação. Por ser um grupo sem identidade nacional (inclusive há pessoas que defendem seus ideais infiltradas em muitos países), a ideia de ter um território atacado em retaliação à um possível atentado nuclear não serviria de impedimento.

Seja como for, é bom ficar de olho nas ações do Estado Islâmico. Eles agem como se não tivessem nada a perder...

sábado, 16 de maio de 2015

Presenciando o Caos

São vários roubos e assassinatos por dia, até mesmo em escolas, em plena luz do dia. O transporte público para de funcionar, pois ônibus são destruídos por incendiários. Uma pessoa é desmembrada. Tem sua cabeça e braços arrancados, enquanto os que praticam a ação contam piadas e dão gargalhadas. A situação do abastecimento de água é crítica, pois o reservatório que abastece a região está em situação crítica e as mudanças climáticas fazem com que chova cada vez menos. Há falhas frequentes de comunicação, principalmente em relação aos telefones celulares.

Parece enredo de filme ou documentário apocalíptico. Mas não é. Isso é o que tem acontecido na cidade onde moro, Campina Grande, Paraíba.

A sensação de medo é enorme. E, para completar, existem os irresponsáveis que usam as redes sociais para espalhar boatos que aumentam ainda mais o medo da população. Mas a verdade é que vivemos em uma situação em que o poder público está cada vez mais ausente, as forças de segurança são cada vez mais ineficazes e cada vez menos temidas. Uma entrevista do comandante do batalhão de polícia da cidade mostrou que simplesmente não há efetivo nem recursos para oferecer um mínimo de proteção aos cidadãos. Um relato de um policial que não quis se identificar mostrou que, para se fazer uma abordagem à veículos suspeitos ou ônibus, geralmente são usados apenas dois agentes, o que claramente é insuficiente.

Decididamente estamos no que pode-se chamar de um estágio Pré-SHTF.

A menos que chova muito, mas muito mesmo (o que é improvável, ainda mais em um ano de El Niño), e que haja uma completa e total reestruturação na maneira como se combate o crime, a situação só tende a piorar. E olhe que ainda há a questão da crise econômica atual...


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sobre Informações e Percepção

Moro numa cidade que já está sofrendo com o racionamento de água desde o último Dezembro. Mas, a crise hídrica é muito mais séria do que se pensava. O manancial que abastece a cidade estava com cerca de 19,6% de sua capacidade. Porém, diversos analistas tem chamado a atenção para o grave erro destes cálculos, que não levaram em conta a entrada de sedimentos no reservatório nos últimos 50 anos. Os cálculos refeitos com esta variável indica que na verdade, o reservatório só tem 14,5% de água. Todo o programa de contingenciamento de consumo foi feito baseado em informações erradas. E agora, uma medida muito dura terá que ser tomada. O racionamento aumentará de 2 para 3 dias consecutivos. 
Deste episódio podemos aprender uma lição: Nunca devemos confiar totalmente nas informações divulgadas. Acredite sempre que pode estar muito pior do que o que a imprensa e os órgãos públicos nos fazem crer. Parece pessimismo? Eu acho que é realismo. 
Analise as informações, mas confie nos seus instintos, na sua percepção. Preste atenção nos acontecimentos anômalos a sua volta. E mantenha-se em constante preparação. 
Um exemplo interessante. Sabemos que o país atravessa o princípio de uma grave crise financeira. A imprensa atira isso nas nossas caras 24 horas por dia. Mas, sabemos o quanto a crise é realmente séria não pelo o que a imprensa diz, mas pelo que observamos nas ruas e nas nossas conversas com parentes, amigos e colegas. Aqui na cidade, é impressionante o número de lojas fechadas, com os imóveis comerciais com placas de Aluga-se. O número de pessoas no posto do Ministério do Trabalho, atrás de Seguro-Desemprego e FGTS aumentou muito. É sensível a queda de movimento no café e na livraria que costumo frequentar. Você passa em frente às lojas e vê os funcionários de braços cruzados na maioria delas. Vê que vários amigos seus perderam o emprego e estão com dificuldades de arrumar outro. Por tudo isso, nem seria necessária a divulgação de notícias por parte da imprensa. A sua percepção já seria suficiente para perceber que existe algo errado. 
Assim o é com vários outros parâmetros. Não é difícil perceber que faz um calor muito grande para Maio aqui na cidade, nem que choveu muito, muito pouco em 2015. 
Mesmo com tudo isso, devemos nos manter informados. Mas nunca confiar somente nas informações. Devemos usar nossa percepção. 

Acredite no melhor, mas prepare-se para o pior.