sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sobre Nutella e mudanças climáticas

Quem nunca comeu o maravilhoso creme de chocolate com avelã, o famoso Nutella, não sabe o que está perdendo! Sensacional é pouco para descrever o sabor desse maravilhoso doce. 
Mas qual a relação entre Nutella e mudanças climáticas?
A Ferrero, que é a empresa que fabrica o Nutella, usa diversos ingredientes na composição dos produtos. Cacau, avelãs e azeite de dendê são três deles, que são fornecidos respectivamente por Nigéria, Turquia e Malásia. Nesses três países, as mudanças climáticas tem afetado a produtividade das lavouras desses produtos. Estiagens ou chuvas acima da média tem causado perdas de até 40% da produção, o que certamente deixará o preço do famoso doce mais salgado num futuro próximo. 
Agora, se tais mudanças climáticas afetam a produção de um item dispensável que é o Nutella, certamente afetam também a produtividade de lavouras essenciais para alimentar a população mundial, como milho, trigo e arroz. Tal situação causa, num primeiro momento, um aumento de preços desses produtos e de seus derivados. Mas o real perigo é a escassez. Com cada vez mais gente no planeta e com o que parecem ser perdas crescentes nas lavouras, causadas não só pelas mudanças no clima, embora seja esse o principal fator, a situação não parece nada boa para os próximos anos. Logo as populações mais carentes de recursos, em todos os lugares do mundo, podem vir a passar (mais) fome. As tensões, já bastante intensas ao redor do planeta, podem aumentar ainda mais se os países não forem mais capazes de alimentar as suas populações. 
Os problemas de produção de Nutella são uma prova incontestável de que o clima está mudando em várias partes do planeta. Se é por causa da ação do homem ou se é um ciclo natural, isso não vem ao caso. Os governos tem que reconhecer que realmente há grandes mudanças em curso e tomar atitudes para contornar quedas de produção nas lavouras importantes. Seria o ideal. Mas, como já estamos cansados de saber, eles não são conhecidos por sua eficiência. 
Investir em preparações, em estoque de alimentos, de grãos, pode ser decisivo nos próximos anos. Nós esperamos por uma crise definitiva e repentina. Mas, deveríamos pensar da seguinte maneira:

Existem dois pavios. Um, está queimando rapidamente, e pode estourar uma bomba na nossa cara. Problemas no fornecimento de energia elétrica, falhas na internet e pandemias são exemplos de problemas em que o pavio é curto. O outro pavio é longo. Vai queimando devagarinho, sem que percebamos. Até que a bomba estoura na nossa cara. Esse é o pavio das mudanças climáticas, da perda lenta, mas crescente da produtividade das lavouras mundo afora, da cada vez menor disponibilidade de água, da poluição...


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