quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Motorzinhos, cutelaria e outros delírios

Imagine a seguinte situação:

Você está no meio de uma crise braba no seu refúgio e precisa de um motorzinho de baixa potência para alguma aplicação. Existem duas opções:

1) Construir um, a partir de latinhas e pecinhas, como aparece em diversos vídeos legais na internet.
2) Adaptar um motor de motosserra ou de cortador de grama e retirar um pouco de combustível do tanque de seu carro ou sua moto para fazê-lo funcionar.

É óbvio que a opção 2 daria muito menos trabalho. Ao se preparar para uma crise, nada impede que você compre uma motosserra, Ou melhor ainda. Porque não comprar um kit de motor à combustão, à venda na internet? Você poderia adaptá-lo para diversos usos. A opção 1 dá aquela sensação de poder se virar sozinho. Mas, existem sérios entraves para ela. Primeiro, a potência útil de tal traquitana. Você pode pará-lo com a força de um dedo. E pra que diabos vai servir algo tão fraco? Depois, tem a questão da durabilidade. Quanto tempo você acha que tal coisa vai durar? Motores a combustão são feitos de metal que resiste melhor às altas temperaturas. Quanto tempo o metal frágil das latas aguentaria sem se deformar com a fonte de calor que o faz funcionar? E quanto tempo as vedações vão aguentar sem deixar o gás responsável pela troca de calor do motor escapar? Logo o motorzinho iria perder eficiência. E para concluir: Não é tão fácil fazer um motorzinho desses. Tudo tem que estar milimetricamente alinhado, ou não vai funcionar.
Sobrevivencialistas devem simplificar as coisas. Ao meu ver, esses motorzinhos e outras maquininhas mirabolantes soam apenas como delírios. Assim como é um esforço desnecessário ficar martelando um pedaço de metal quente por horas e horas pra fazer uma faca de eficiência duvidosa. Essas coisas não tem utilidade prática e só servem para desviar o foco do que é realmente importante. Se você quer construir algo, faça coisas que tenham real utilidade. Sistemas para coletar a água das chuvas, ou como cultivar determinados tipos de plantas são bons exemplos. Isso sim é importante, e vale à pena o esforço. Motores e facas podem ser facilmente incluídos numa preparação.
E tem mais: Durante uma crise e também nos meses ou anos do pós-crise, você acha que terá horas tranquilas para ficar construindo motores ou gogando metal? Acho que não...

Pensem bem à respeito. Construir tais traquitanas faz com que você se sinta bem. Mas na prática, o tempo poderia ser melhor aproveitado aprendendo algo que será realmente útil num mundo pós-SHTF. Existe uma frase no documentário Depois do Armagedom, que diz o seguinte:

Uma pessoa que saiba cultivar a terra será muito mais útil do que aquele que sabe fazer transações com ações.

Ou seja, procure obter conhecimentos cruciais. Não perca tempo com algo que não vai ser útil num cenário de crise. Seja prático.

2 comentários:

  1. Ser pratico =)
    mas ter conhecimento sobre facas ou motores pode ajudar, mas a questão em em determinada situação de crise, isso via te ajudar? tipo você esta no meio do mato sem nenhuma peça de metal, como vai fazer motor ou faca?
    Tipo depende da crise, depende do conhecimento, depende de muita coisa...

    ResponderExcluir
  2. Concordo plenamente. Numa situação de SHTF tempo vai ser crucial. Uma pessoa que tenha conhecimentos de marcenaria, cultivo de alimentos ou ervas medicinais vai valer mais que barras de ouro (que valem mais do que dinheiro! :D). Já o motorzinho, vai funcionar até acabar as pilhas que você estocou, e depois?

    ResponderExcluir