terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sobre rolezinhos e crises

Qual a relação entre os chamados rolezinhos e sobrevivencialismo?
Os rolezinhos são reuniões de jovens, marcadas através das redes sociais, em shoppings e outros locais públicos e que atraem milhares . O que aconteceu em uma dessas reuniões foi que a segurança de um shopping chamou a polícia para retirar a multidão da área de estacionamento. Os jovens, em fuga, entraram na área das lojas. Muitas pessoas, pensando que era um arrastão, entraram em pânico e fugiram. No meio da confusão, ladrões e vândalos se aproveitaram para furtar pessoas e depredar lojas.
Este evento mostra algumas coisas:

- As forças policiais estão completamente despreparadas para agir quando há aglomeração de pessoas (as manifestações do ano passado também mostraram isso).
- O pânico é algo que se alastra rapidamente. Muitas das pessoas que fugiram não sabiam exatamente o que estava acontecendo. Simplesmente fugiram.
- Existem indivíduos que se aproveitam de aglomerações de pessoas para assaltar, agredir e destruir propriedades, pois sabem que é muito mais difícil identificá-los no meio de tanta gente.
- Locais antes considerados seguros, agora se tornam perigosos.

É importante perceber que o medo nas grandes cidades é muito intenso. É um medo reprimido, mas que em qualquer situação minimamente anormal, aflora à superfície e se transforma em pânico. Pessoas em pânico tomam atitudes impensadas, desesperadas. O poder público parece não conseguir mais garantir a segurança de ninguém e parece não haver mais locais seguros. Alguns podem ainda se esconder atrás de seus muros, câmeras, cercas e alarmes, seguranças e carros blindados, mas isso não traz muita tranquilidade. Outros são forçados à conviver com uma maior insegurança,  e vão vivendo um dia após o outro.
Se, em condições normais (se é que se pode considerar normal uma vida em eterna insegurança) numa grande cidade, um mero rolezinho causou tanta confusão, em um cenário de crise, as coisas seriam muito, muito piores.
É importante bater na mesma tecla. Sobreviver num grande centro, mesmo em dias normais, está cada vez mais difícil. Todas as pessoas que adotam a filosofia sobrevivencialista, devem, se possível, ficar afastadas das grandes cidades. Em caso contrário, elas devem ter um plano de contingência para, no desencadear de uma crise, escapar o mais rápido possível.
Os rolezinhos são apenas uma mínima amostra do que pode (e vai) acontecer quando uma crise vier. A diferença é que muitos se reunirão não para fazer festa, mas para ir à procura dos recursos necessários à sobrevivência. E ninguém vai querer ficar perto de aglomerações assim.

2 comentários:

  1. Parabéns pela matéria!
    O que gostei mais foi da sua imparcialidade, nem viu o grupo "rolezinho" como anjos ou demônios, é uma massa, ali tem de tudo pessoas que só querem curtir e pessoas más intencionadas, como em qualquer esfera da nossa sociedade.
    Com relação ao providencialismo,sim, o estado não tem estrutura ( tanto física, psíquica e lógica) para agir em tais situações...

    ResponderExcluir