Nos últimos dias, a Ucrânia foi palco de gigantescas manifestações. O agora ex presidente ucraniano, Viktor Yanukovych desfez um acordo com a União Européia, que já estava sendo negociado desde 2011, e resolveu se aproximar ainda mais da Rússia.
A Ucrânia é de vital importância para os russos. Além de ser um importante mercado consumidor de gás, ainda é atravessada pelos gasodutos eslavos, que distribuem o produto para a Europa, sendo uma das principais fontes de renda da maior república da antiga União Soviética. Os russos também mantém boa parte de seu poder militar em Sebastopol, cidade litorânea ucraniana, que foi arrendada por eles em troca da diminuição de 30% do custo do gás para a Ucrânia.
O país é basicamente dividido em duas populações. Os mais jovens, falam ucraniano e querem uma aproximação maior com a Europa. Os mais velhos, falam russo e tem saudades dos tempos de glória da era soviética. A Rússia não tem interesse em permitir que a Ucrânia se aproxime da União Européia, pois isso implicaria na possível taxação de seu gás e em complicações relativas à sua base militar. Em outras palavras, os russos perderiam muito dinheiro e influência. Exatamente o que querem as potências ocidentais. Controlar a Ucrânia seria controlar o gás russo. A Rússia também seria obrigada a ceder em várias questões importantes, até mesmo em relação à vetos no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Analisando bem a situação, vemos que Yanukovych era um fantoche de Vladmir Putin. Mas, depois das mortes nos protestos, Yanukovych preferiu abandonar o poder e fugir. Agora, a Ucrânia tenta criar um governo provisório capitaneado por Olexander Turchynov, com clara tendência a se aproximar do Ocidente. A população pró Rússia não aceita tal governo e os riscos de surgirem movimentos separatistas é grande, o que não seria interessante para os russos. Vê-se surgindo no horizonte uma união ucraniana feita à força, por intermédio de uma intervenção militar, nos moldes da Primavera de Praga. Só que, ao contrário dos anos de bipolarização da década de 1960, os russos não estariam invadindo o seu "quintal". As potências ocidentais certamente vão se opor se tal movimento ocorrer. De que forma isso acontecerá, não se sabe. Depois da crise Síria, em que a Rússia acabou saindo vencedora ao impedir um ataque ocidental ao país árabe, uma outra derrota seria vista pelo mundo como um claro sinal de fraqueza e covardia do Ocidente. Mas, ao mesmo tempo, deve-se lembrar que a Rússia tem o segundo maior arsenal nuclear do planeta. Os EUA, pareciam estar num período em que há muito mais preocupações internas que externas. Mas, percebendo os possíveis desdobramentos da crise ucraniana, já entraram em cena para capitanear as negociações do lado ocidental.
Uma situação potencialmente séria começa a surgir. A Guerra Fria do Século XXI é muito mais complicada. Existem muito mais países participantes. E, ao contrário de sua análoga do século passado, a ligação entre os, digamos, blocos, é muito mais intensa, principalmente no que diz respeito à economia. O que um faz, afeta não só o seu adversário, mas também o mundo todo.
É esperar para ver...
Mantenham-se preparados...
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