Quando pensamos em sobrevivencialismo, pensamos em nossas preparações, nossos EDCs, nossos BOBs, nossas rotas de fuga, refúgios, técnicas e tudo o mais.
Agora, imagine que, durante uma viagem, de férias ou à negócios, junto com a sua família, acontece uma crise. Você está longe, talvez a milhares de quilômetros de seu refúgio. Está sem seu EDC, pois a segurança aeroportuária jamais deixaria você embarcar com alguns itens, como canivetes, facas, atiradeiras, agulhas ou quaisquer outros objetos considerados perigosos. Sua BOB ficou em casa, pois não teria como levá-la na viagem.
Vocês estão num hotel, numa cidade desconhecida. Não há energia, não há água. Apesar de suas precauções sobrevivencialistas, a viagem tomou conta de todos os seus pensamentos e você esqueceu de acompanhar os sites de notícias e de monitoramento do planeta. Então, a crise te pegou de calças arriadas, desprevenido como os demais. O frigobar do hotel tem alguns itens alimentares que dão para salvar a pátria por pouco tempo. Então você vai ter que correr até o supermercado mais próximo para comprar algumas coisas essenciais, especialmente mais alimentos para a sua família. Só que todo mundo tem a mesma ideia.
O supermercado está tomado. Tem gente brigando pelas mercadorias. Você teria coragem de roubar algumas barras de chocolate de uma velhinha? Ou tomar um carrinho de compras de um pai com duas crianças pequenas? É a sua sobrevivência e a da sua família que está em jogo.
Com a crise, a situação mudou. A lei que existe não é mais a lei da civilização. Agora é a lei do mais forte. Se você tomar a comida de alguém, vai garantir a sobrevivência de seus filhos. E provavelmente vai ser o responsável por causar grandes dificuldades aqueles de quem você retirou os recursos. Num mundo assim não haverá espaço para a ética, moral, educação, piedade.
Para garantir a sobrevivência de sua família, é possível que você seja obrigado a matar. Homens, mulheres, crianças. Vai encarar? Se você pestanejar, pode ser morto por outros homens, ou mulheres ou crianças. Crianças? Em situações limite, as crianças são extremamente perigosas. Basta ver os bandos de crianças lutando pela sobrevivência em países da África em períodos de fome.
Esta é apenas uma das inúmeras situações que podem ocorrer em tempos de crise. E mesmo com preparação, com recursos, com conhecimento, poderemos ser levados ao limite. Peço que pensem nisso. A gente tende a achar que, por sermos sobervivencialistas, estaremos numa condição melhor que as demais pessoas num evento catastrófico. Mas, sem nossas preparações não ficaremos em situação muito melhor do a maioria das pessoas. Então teremos que tomar medidas extremas...
Será que estaremos mesmo preparados para isso? Para matar? Roubar? Para esquecer todos os anos de civilização de uma hora para outra e agir como animais?
Pensem nisso.
PS - Foi um quadro negro o que pintei, mas em virtude dos últimos acontecimentos nas grandes cidades brasileiras, seria besteira pensar que as pessoas estranhas se ajudariam em uma crise...
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