quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Petróleo

Contrariando todas as expectativas, o preço do barril de petróleo caiu vertiginosamente nos últimos 6 meses, e está agora a 48 dólares o barril. Mas muitos analistas preveem que o preço possa chegar a 20 dólares. Para países como a Arábia Saudita, não haveria tantos problemas assim pois eles extraem o produto à um preço em torno de 6 dólares por barril. Mas para países como Rússia, Irã, Venezuela e até mesmo para o Brasil, com o pré-sal, que usam processos de extração bem mais caros, é uma tragédia.
Mas, porque o preço do petróleo está caindo com essa velocidade? Um dos motivos é a crescente exploração, por parte dos EUA, do gás de xisto, que pode substituir o petróleo comum, e com isso, diminuiu drasticamente a dependência do país em relação à importação do produto. Além disso, as economias da China e da Europa diminuíram o consumo, por um menor crescimento da primeira e pela crise da segunda. Soma-se a isso, picos de produção dos países exportadores.
A Rússia, que não faz parte da OPEP, organização que reúne grandes exportadores de petróleo, pediu a esta organização que diminuísse a sua produção, a fim de evitar que o preço do petróleo caia ainda mais. Mas a Arábia Saudita, principal produtora e exportadora do planeta, além de principal membro da OPEP, se nega a fazê-lo, pois isso está estrangulando economicamente um de seus maiores inimigos, que é o Irã.
Ok! Mas qual a relação entre a queda do preço do petróleo e possibilidade de geração de crise?
Muito maior do que se poderia pensar a princípio.
Certamente países como a Arábia Saudita devem estar em alerta máximo contra ações terroristas aos seus campos petrolíferos e terminais de exportação. Afinal de contas, eles estão peitando Rússia e Irã, dois dos países mais armados do planeta. O primeiro, como se sabe, invadiu a Ucrânia, muito embora jamais tenha admitido o fato abertamente. E as potências ocidentais nada puderam fazer para evitar, a não ser aplicar sanções econômicas. O segundo persegue com afinco a capacidade de produzir armas nucleares, e talvez até já o tenha feito. Esses dois países já poderiam ameaçar diminuir a sua produção petrolífera. Mas diante do quadro atual, essa medida seria muito mais prejudicial para eles mesmos do que para os países importadores de petróleo. A Rússia talvez consiga, se o desespero continuar aumentando, barganhar com o fato de fornecer o gás necessário para o aquecimento de boa parte da Europa. Isso, porém, seria de eficiência duvidosa, posto que a influência européia sobre os árabes possa ser insuficiente para mudar a postura do país em relação à produção petrolífera. Se o cenário de um barril de petróleo a 20 dólares se concretizar, a possibilidade de ataques terroristas visando diminuir ou até cessar a produção de petróleo dos países árabes pode se tornar uma realidade. E, o que veríamos, além de um súbito e significativo aumento de preço do barril de petróleo, seria um aumento na já elevada tensão da região É bom lembrar que a região já vive em alerta permanente, por causa da crescente ameaça do Estado Islâmico, da Guerra da Síria, além do sempre presente conflito entre judeus e palestinos. Aliás, Israel, assim como a Arábia Saudita, é ferrenho inimigo do Irã, e não hesitaria em atacar o país persa se tal oportunidade surgisse e não trouxesse grandes consequências.
Em um post recente, citei que um dos pontos críticos para a sobrevivência da sociedade tecnológica do Séc. XXI era o terminal de exportação de petróleo de Ras Tanura. Gostaria de dizer que as probabilidades de que um ataque à essas instalações aumentou consideravelmente nesses últimos 6 meses...

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