segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Futuro Será Seco...

Tomando por base a situação do Sistema Cantareira, podemos chegar a uma aterradora conclusão: O futuro será muito seco. E quando me refiro à futuro, é um futuro muito próximo.

Imagine que o Cantareira (e muitos outros reservatórios país afora) é a sua conta no banco.
Quando você percebeu que estava ficando sem dinheiro, foi ao banco e pediu um empréstimo. Então, obviamente, o saldo de sua conta subiu. Só que, há meses, praticamente não entra grana em sua conta. Você já usou todo o seu saldo, e está quase acabando o que entrou como empréstimo. Então, você, sem saída, pede outro empréstimo. Novamente, o saldo em sua conta sobe de maneira artificial. E, depois de meses, começa a entrar algum dinheiro. O que entra diminui um pouco o seu rombo. Mas, logo a injeção de dinheiro acaba e o valor do segundo empréstimo continua a ser consumido. Talvez você não tenha mais como fazer um terceiro empréstimo. Porém, você continua a gastar como se não houvesse problemas. Você mantém o seu nível de consumo, contando que vai ganhar na Mega Sena. Mas, como todo milagre, isso é praticamente impossível de acontecer. Você chega a dizer à seus dependentes que, se eles reduzirem os gastos, você os bonificará. E se eles aumentarem o consumo, serão punidos. Mas não toma nenhuma medida mais drástica...O resultado disso é que, em pouco tempo, você vai falir. Você vai chegar a um ponto em que não terá saldo nem para comprar o item mais insignificante...

Essa seria uma maneira temerária de controlar suas finanças. Mas os governos Brasil afora estão fazendo exatamente isso com a água. Fazem de conta que nada está acontecendo. Incorporam as reservas técnicas dos sistemas como se o tamanho dos mananciais tivesse aumentado, mas na verdade eles já estão secos, e o que está sendo usado é algo que será reposto com muito mais dificuldade. A reserva técnica é o que mantém um manancial vivo. Sem ela,mesmo que chova muito, muita água será perdida, absorvida pela terra seca. Sem falar que a qualidade da água vai se deteriorando. E, por fatores políticos, os governos se recusam a tomar medidas mais drásticas, como racionamento. Insistem em adotar sistemas de bônus e multas, E não resolvem as falhas do sistema de distribuição, que é ineficiente. Ficam apostando que as chuvas serão suficientes para recuperar os mananciais. Não percebem que o regime de chuvas está mudando, que a população está crescendo, que,, sem água, as indústrias vão parar, assim como a agricultura...

Será que os governos municipais, estaduais e o governo federal querem que uma crise realmente séria aconteça? Porque existe um outro fator preocupante para se levar em conta. Com reservatórios baixos, há uma menor geração de energia elétrica num país em que boa parte da demanda é suprida por hidrelétricas. E, as soluções mirabolantes para resolver os problemas das regiões mais secas, ao meu ver, parecem tiros no pé. Transposições são loucura. Basta observar alguns exemplos mundo afora, como lagos secos na antiga URSS, fruto de transposições fracassadas. Soluções muito mais simples, por razões econômicas e políticas não são implementadas, como por exemplo deter o desmatamento da vegetação próxima aos reservatórios,

Talvez seja um exagero pensar assim, mas, é muito possível que grandes centros urbanos brasileiros, como São Paulo, sofram, ainda esse ano, com problemas seríssimos por causa da falta de água. A tendência é que as pessoas comecem a deixar as cidades maiores se a demanda de água não for suprida adequadamente. Desnecessário dizer qual seria o impacto de tal situação, nas áreas econômica e ambiental. Infelizmente, observando-se as mudanças climáticas e a falta de atitudes realmente concretas para se resolver o problema, o caos hídrico e energético é uma possibilidade assustadoramente real...



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