sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Eletricidade

Toda a nossa sociedade tecnológica nos dias de hoje está apoiada basicamente em...

Eletricidade!

Sem energia elétrica, tudo para. Praticamente tudo depende dela para funcionar, ainda que de modo indireto. Por exemplo, um carro é movido à combustível líquido. Mas, sem eletricidade, como bombear 50 litros de gasolina de um reservatório subterrâneo para o tanque?
Imagine como ficaria a sua vida sem internet, transações financeiras, semáforos, computadores, água nas torneiras, iluminação. Tudo isso depende da geração de energia elétrica.

Como temos acompanhado nos noticiários, por causa de diversos fatores, tais como a menor geração de energia por causa do baixo nível dos reservatórios hidrelétricos, aumento de consumo por causa do calor excessivo, o sistema elétrico brasileiro tem trabalhado muito próximo ao seu limite. O recente apagão em 11 estados brasileiros foi uma consequência disso. Segundo analistas, estivemos muito próximos de uma situação que deixaria o país sem energia por várias horas. As consequências poderiam ser desastrosas.
E para completar o quadro, ainda há o risco de que fatores externos, geralmente não levados em conta, interferirem no já delicado equilíbrio da rede elétrica brasileira. Sabe-se que o campo eletromagnético da terra está se comportando de maneira anômala. Sobre algumas regiões do planeta, como a América do Sul, o campo perde força. Em outras, como o Sudeste da Ásia, ele está ficando mais forte. O Sol também tem se comportado de maneira anômala, pois o atual máximo solar, embora mais fraco que os anteriores, está durando muito mais. Após semanas de uma relativa calma, diversas manchas solares apareceram e tem chance de gerar explosões que podem causar distúrbios eletromagnéticos na Terra. Qualquer perturbação vinda do espaço, por menor que seja, pode derrubar um sistema elétrico que opera no limite.

É bem possível que o governo consiga contornar a situação este ano. Afinal, já passamos por apertos no fornecimento de energia elétrica, como em 2001. Porém, temos que entender que as perspectivas para o futuro próximo não são animadoras. As chuvas estão abaixo da média sobre os reservatórios das usinas hidrelétricas e a previsão para os próximos meses é de que continue assim. Se permanecer assim, no fim do ano, e no começo de 2016 poderemos ter problemas que farão os atuais parecer brincadeira de criança.
Não existem soluções a curto prazo para o problema da água nas hidrelétricas. Ou chove a cântaros, ou passaremos aperto. Talvez seja a hora do governo investir em energia eólica. Em comparação com outras fontes, o investimento não é tão alto, as obras podem ser executadas mais rapidamente, e um parque eólico já pode começar a gerar energia mesmo que não esteja completo.

Seja com for, nós, sobrevivencialistas, devemos ficar atentos à situação energética e nos manter preparados. O tipo de crise pela qual passaremos será sobretudo econômica. Sem um fornecimento de energia confiável, fará com que não só os investidores se afastem do país, como outros negócios fecharão as portas. Mas também temos que pensar em como blecautes, ainda que de poucas horas, nos afetarão. Dependendo do local onde vivemos, poderemos passar por apuros. Numa grande cidade, sistemas de transporte, de controle de tráfego e iluminação pública entrarão em pane. Isso certamente facilitará a ação de malfeitores, ao mesmo tempo em que dificultará a ação das polícias. Ficar preso no trânsito, no metrô ou em um elevador são possibilidades reais.
E necessário, portanto, elaborar planos para saber que atitudes tomar nessas situações. Ressalto sempre que todo sobrevivencialista deve ter em mente, como filosofia de vida, ficar longe das maiores cidades. Mas se isto não for possível, ele deve estar preparado para agir em situações nas quais a cidade para.

Sorte para todos nós!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Revolver Calibre 38

Infelizmente as opções aqui no Brasil para se conseguir armas para a defesa são muito limitadas, pelo menos do ponto de vista legal. Entre as poucas opções que nos restam, a mais comum e uma das mais acessíveis é o revólver calibre 38. 

Revólver Taurus RT 838, de 8 tiros

Dentre os calibres disponíveis no país para uso por civis, é o que melhor combina preço, precisão e poder de parada. Existem diversos tipos de munição deste calibre, mas em geral, o projétil sai do cano à uma velocidade de aproximadamente 700km/h, ou pouco menos de 200m/s, e pesa entre 5,8 e 6,2 gramas. O alcance total de um revólver 38 é de cerca de 375m, mas o chamado alcance útil, que é onde se tem maior precisão e letalidade é de cerca de 100m. 
Eis alguns modelos de revolver calibre 38 à venda no Brasil:

Taurus RT 838

8 tiros.
Duas versões, cujo tamanho do cano varia entre 110 e 165mm.
Preço: R$3540,00

Taurus RT 88

6 tiros. 
Tamanho do cano: 76mm
Preço: R$2800,00

Rossi 272

5 tiros
Tamanho do cano: 60mm
Preço: R$1200,00

As grandes vantagens desse tipo de arma é a facilidade com que se encontra munição, a robustez e simplicidade. Já as desvantagens são a sua pouca capacidade de munição, baixa cadência de tiro e uso para distâncias maiores. 
Defendo sempre a hipótese de que, em situações de crise, o melhor a se fazer é se esconder, não chamar a atenção, evitar ao máximo o confronto. Mas se o confronto for inevitável, melhor ter armas de fogo. E, dentro da nossa realidade não encontraremos, a não ser nos quartéis das Forças Armadas, Polícias e outros poucos locais, nada muito mais poderoso de um revólver calibre 38. A chance de possíveis invasores estarem muito bem armados existe. Mas é maior a chance de que ele tenham armas de uso civil. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Falta de Planejamento

Eis alguns fatos que aconteceram nos últimos dias:

1) Doze estados brasileiros foram atingidos por um blecaute, que durou cerca de 40 minutos. Os órgãos competentes divergem em relação aos motivos de tal acontecimento.
2) Não há soluções em um curto espaço de tempo para resolver a crise hídrica nas principais cidades do país. Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília estão esgotando rapidamente as reservas de água, até mesmo aquelas que nunca tinham sido usadas, e que são de difícil recuperação.
3) Há extrema dificuldade em alguns locais daqui da cidade, de se fazer e receber ligações de celular, por qualquer uma das operadoras. E esta situação já dura mais de um mês, sem que qualquer solução seja apresentada. Na verdade, os usuários não têm qualquer tipo de informação em relação ao porque de tais problemas.

Os fatos descritos acima mostram que estamos numa situação complicada. Os governos, federal, estadual e municipal, não estão sendo capazes de gerenciar as crises que eles têm em suas mãos. Portanto, é necessário que os sobrevivencialistas intensifiquem a sua preparação. Como já disse em outros posts, espero sempre o melhor. Mas tenho que reconhecer que as atitudes tomadas por quem detêm o poder estão nos levando em direção a uma crise muito grave. Poderemos, ainda este ano, ficar com água e energia racionados (e sofrer com todas as consequências disso, inclusive econômicas), ter ainda mais problemas com a questão da segurança e talvez até mesmo, problemas mais sérios de comunicação. Tudo está sobrecarregado. Tudo é feito para maximizar o lucro imediato, sem planejamento para o futuro. E as soluções propostas para os inúmeros problemas, especialmente na questão hídrica, ou são paliativas, ou são projetos de longo prazo (e eficiência duvidosa). As soluções óbvias são esquecidas, pois são menos lucrativas. Um exemplo claro disso é que a energia eólica, se adotada no país, poderia suprir TODA a demanda por energia elétrica com sobras, a um investimento irrisório, quando se compara com outras fontes de energia como termelétricas e hidrelétricas. E ainda seria uma geração de energia com pouquíssimo impacto ambiental. 
Não temos dados precisos sobre o quão na corda bamba estamos. Mas não é preciso uma bola de cristal para perceber que muitos dos sistemas que mantém a sociedade funcionando estão operando muito perto do limite. 


Chego à conclusão de que os sobrevivencialistas têm muito mais lucidez ao preparar-se para contingências do que os que deveriam zelar por nós!

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Prepare-se: O Fim Está Chegando!

Quantas vezes já ouvimos essa frase ao longo de nossas vidas? Sempre que surge uma data em que algum profeta previu o fim do mundo, como a virada do ano 1999/2000 ou o fim do calendário Maia, em 21 de Dezembro de 2012, sentenças como essas são levadas mais ou menos a sério, e se tornam bem populares.
Bom, ainda estamos aqui. Mas a pergunta é:

Até quando?

2014 foi o ano mais quente no mundo desde 1808, quando se começou a fazer este tipo de medição. O clima está mudando. E não há como negar o fato. Um dos exemplos mais alarmantes disso é o que tem acontecido nos últimos meses no Brasil, onde cidades como Rio e São Paulo sofrem com a crise de seus sistemas de abastecimento de água, por conta da inédita estiagem. A degradação dos principais ecossistemas mundiais, as fontes de energia poluidoras e a falta de compromisso dos governos mundiais só pioram o quadro.
Aliados a isso, fatos como a crescente tensão entre muitos povos, por diversos motivos, como disputas por recursos naturais e fatores ideológicos, trazem incerteza e medo para os próximos anos. Podemos citar a recente crise ucraniana e os ataques israelenses à Faixa de Gaza como exemplos deste tipo.
A economia mundial, que ainda tenta se recuperar da crise de 2008 parece voltar a perder fôlego. A taxa de crescimento da China, o principal motor econômico mundial nos últimos tempos teve o seu menor valor em 24 anos. A baixa demanda dos mercados consumidores fez o preço do barril de petróleo fechar abaixo de 50 dólares em 2014.

Tudo o que tem acontecido leva a crer que neste e nos próximos anos teremos crises sucessivas, e cada vez mais graves. E não há vontade de se mudar o panorama. Uma mudança drástica no modo como a sociedade funciona não seria aceita pela maioria absoluta que lucra absurdamente com o atual modelo. E como estes detém o controle da população, através do poder da mídia, não haverá nenhum levante popular contra o sistema. Afinal, o sonho de felicidade da maioria das pessoas, inclusive das que eu conheço, é carro novo, casa, viagens, gadgets. Para elas, o governo logo vai resolver a crise da água. As chuvas logo virão. Terrorismo, isso é lá no Oriente Médio, com casos ocasionais na Europa e nos EUA. E quanto à economia, basta passar num concurso público para ficar imune à crise. E meio-ambiente, isso é coisa de ecochato...
Todo e qualquer alerta sobre os perigos que nos cercam não serão levados em consideração. Até ser tarde demais...

Um cientista disse, em tom de brincadeira, que o apocalipse não chegou em 2012, porque os maias não contaram os anos bissextos no seu calendário. Os dias a mais atrasariam o fim do mundo para meados de 2016...
Do jeito que vai, talvez não seja tão de brincadeira assim...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Sobre apagões e o futuro

Eis uma consequência da crise hídrica. Hoje, tivemos um apagão controlado em vários estados brasileiros. Calor, consumo exagerado, lagos das represas em um nível muito baixo, falta de perspectivas de chuva. Tudo isso, aliado a falhas no controle da distribuição de energia fizeram com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico optasse por esta alternativa.
O que preocupa é que não há perspectiva de melhora na situação hídrica, pelo menos para os próximos 30 dias. E até lá continuaremos no auge do verão, com temperaturas elevadas. E isso faz com que o consumo aumente. A possibilidade de racionamento de energia volta a se tornar uma ameaça real, como aconteceu em 2001. Desnecessário dizer as consequências, principalmente no campo econômico.
E o quadro para os próximos anos não parece nada promissor. Decididamente o clima está mudando. Os períodos de seca estão aumentando. A solução à curto prazo para tentar gerar mais energia, que são as termelétricas. Porém, a poluição que este tipo de usina gera contribui para o aumento da temperatura. E num país onde a maior parte da geração de energia vem das hidrelétricas, com a seca a perdurar, as termelétricas não serão suficientes para substituir a perda de geração de energia.
A verdade nua e crua é que estamos num beco sem saída energético. Se não chover, e muito, testemunharemos, além da crise hídrica, uma séria crise de energia.
A que ponto chegamos! Por pura falta de planejamento, os governantes pedem um milagre dos céus. Daqui a pouco vão importar índios americanos para fazer a dança da chuva...
O futuro descrito em documentários apocalípticos, sobre refugiados do clima, está deixando o terreno das suposições e começando a se tornar uma incômoda e real possibilidade...

sábado, 10 de janeiro de 2015

Nossas Preparações Podem Ser Em Vão...

Nos preparamos para crises. Mas, se a esperada SHTF for tão intensa que torne a Terra um lugar inabitável, ainda que por poucos anos? Tudo o que fazemos se tornaria em vão...
Eis algumas tragédias que, se acontecerem, vão tornar a nossa sobrevivência praticamente impossível.

1) Colisão de estrelas, quasares, supernovas

Estes são fenômenos que acontecem com bastante frequência no universo. Eles lançam quantidades imensas de energia e radiação no espaço. E, são tão potentes que, se acontecerem na nossa galáxia e as energias vierem em direção à Terra, podem ser fatais. Elas podem liberar sobre o planeta imensas quantidades de raios-X, por exemplo, quantidade esta que estaria muito além da capacidade da atmosfera nos proteger. Outro efeito, este mais indireto, é que as radiações desses fenômenos poderiam destruir a camada de ozônio, nos deixando totalmente a mercê das radiações solares e cósmicas, o que tornaria a Terra inabitável para a maioria absoluta das formas de vida.

2) Supervulcões

O mais conhecido deles se situa no parque Yellowstone, nos EUA. Mas na verdade, existem 16 potenciais supervulcões na Terra. Caso entrem em erupção, poderiam esconder o Sol por anos, devido à imensa quantidade de cinzas liberadas para a atmosfera. As temperaturas cairiam drasticamente e, certamente, muitas espécies seriam extintas. Quem sobrevivesse, habitaria um planeta escuro, extremamente frio e totalmente sem recursos de alimentação oriundos da natureza. Se a situação se perdurasse por anos, as chances de alguém escapar seriam mínimas. Sem falar nos efeitos psicológicos de tamanho frio e escuridão.

3) Impacto de um grande asteroide

Os efeitos seriam semelhantes aos dos supervulcões, com o agravante de a queda de tal petardo espalhar incêndios por causa das pedras incandescentes que cairiam por todo o planeta, ou, se caísse no mar, de espelhar ondas gigantescas por boa parte dos litorais do mundo.

4) Guerra nuclear

Os efeitos também seriam semelhantes aos de um supervulcão, com o agravante da precipitação de partículas radioativas e dos pulsos eletromagnéticos, que desabilitariam boa parte dos equipamentos eletrônicos e redes elétricas mundo afora.

As chances dos acontecimentos descritos acima acontecerem são muito baixas para os próximos 50, 100, 200 anos. Mas, as três primeiras causas de desastres já aconteceram em algum momento da história e voltarão a acontecer em algum momento do futuro. Talvez, quando acontecerem a humanidade não exista mais como espécie (a quarta causa tem um grande potencial de tornar isso realidade), ou já esteja de tal forma evoluída que teria como evitar/fugir.
Mas, certamente, durante nosso tempo de vida, testemunharemos diversos cenários de crise. A maioria absoluta será de curta duração e localizada. Mas poderemos testemunhar eventos que, se não nos ameaçarão enquanto espécie, certamente ameaçarão a nossa sociedade tecnológica, muito embora eu espere que, sinceramente, isso não aconteça.

Seja como for, manter-se preparado é muito melhor do que não fazer isso!

Fanatismo

São fanáticos! Os que mataram e os que morreram. 

O recente ataque ao jornal Charlie Hebdo, no qual vimos cenas de extrema frieza e covardia, mostra apenas o seguinte:
Quem, em sua sã consciência, entraria na jaula de um leão faminto, e ficaria dando tapas no seu focinho, só para fazer algumas pessoas rirem? Ainda mais depois do leão já ter dado algumas patadas? Guardadas as devidas proporções, foi exatamente isso que os cartunistas fizeram.
Alguns alegam que era só brincadeira, humor. Mas, é brincadeira desde que você não se sinta ofendido. O leão não iria perceber que os tapas no focinho dele eram brincadeira. Ele ficaria com muita, mas muita raiva, e partiria para o ataque.
Foi tolice dos chargistas, digna do mais elevado grau de fanatismo, não perceber que certas pessoas agem como leões (e foram até chamadas assim por quem aprovou o ataque). Matar pessoas desarmadas de maneira como os terroristas fizeram também demonstra um alto grau de fanatismo e intolerância.
O problema é que graus de fanatismo elevados como esses faz com que atitudes extremas possam ser tomadas sem que se importe com as consequências. O que impede um grupo de fanáticos de, por exemplo, destruir uma cidade como Nova Iorque com uma explosão atômica? Ou de desabilitar a internet em escala mundial? Ou de tentar qualquer outra coisa que possa provocar um gigantesco baque na civilização?
E não me refiro somente à fanáticos religiosos não. Existem pessoas que adorariam ver o caos, simplesmente porque na mente delas isso seria algo libertador para a humanidade, ou mesmo divertido. É bom ter a certeza de que se algo assim ainda não aconteceu, não foi por falta de tentativas...

Outro aspecto assustador é que parece ser cada vez mais fácil manipular pessoas para que elas se tornem fanáticas e intolerantes. Ainda mais em épocas de crise econômica, como a que estamos atravessando agora. Afinal de contas, se é possível manipular pessoas para fazê-las ir de encontro ao instinto mais básico, que é o de auto-preservação, transformando-as em suicidas, por uma causa religiosa ou ideológica, é possível manipulá-las para fazer quaisquer outras ações. 

Estamos indo em direção ao abismo cada vez mais rápido. E, embora exista a esperança de se reverter esse caminho, esta parece ser cada vez menor. Temos atualmente duas bombas. Em uma delas, o pavio está aceso e queima lenta mas inexoravelmente. Na outra, de pavio curtíssimo, a chama que o acende está cada vez mais próxima...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Petróleo

Contrariando todas as expectativas, o preço do barril de petróleo caiu vertiginosamente nos últimos 6 meses, e está agora a 48 dólares o barril. Mas muitos analistas preveem que o preço possa chegar a 20 dólares. Para países como a Arábia Saudita, não haveria tantos problemas assim pois eles extraem o produto à um preço em torno de 6 dólares por barril. Mas para países como Rússia, Irã, Venezuela e até mesmo para o Brasil, com o pré-sal, que usam processos de extração bem mais caros, é uma tragédia.
Mas, porque o preço do petróleo está caindo com essa velocidade? Um dos motivos é a crescente exploração, por parte dos EUA, do gás de xisto, que pode substituir o petróleo comum, e com isso, diminuiu drasticamente a dependência do país em relação à importação do produto. Além disso, as economias da China e da Europa diminuíram o consumo, por um menor crescimento da primeira e pela crise da segunda. Soma-se a isso, picos de produção dos países exportadores.
A Rússia, que não faz parte da OPEP, organização que reúne grandes exportadores de petróleo, pediu a esta organização que diminuísse a sua produção, a fim de evitar que o preço do petróleo caia ainda mais. Mas a Arábia Saudita, principal produtora e exportadora do planeta, além de principal membro da OPEP, se nega a fazê-lo, pois isso está estrangulando economicamente um de seus maiores inimigos, que é o Irã.
Ok! Mas qual a relação entre a queda do preço do petróleo e possibilidade de geração de crise?
Muito maior do que se poderia pensar a princípio.
Certamente países como a Arábia Saudita devem estar em alerta máximo contra ações terroristas aos seus campos petrolíferos e terminais de exportação. Afinal de contas, eles estão peitando Rússia e Irã, dois dos países mais armados do planeta. O primeiro, como se sabe, invadiu a Ucrânia, muito embora jamais tenha admitido o fato abertamente. E as potências ocidentais nada puderam fazer para evitar, a não ser aplicar sanções econômicas. O segundo persegue com afinco a capacidade de produzir armas nucleares, e talvez até já o tenha feito. Esses dois países já poderiam ameaçar diminuir a sua produção petrolífera. Mas diante do quadro atual, essa medida seria muito mais prejudicial para eles mesmos do que para os países importadores de petróleo. A Rússia talvez consiga, se o desespero continuar aumentando, barganhar com o fato de fornecer o gás necessário para o aquecimento de boa parte da Europa. Isso, porém, seria de eficiência duvidosa, posto que a influência européia sobre os árabes possa ser insuficiente para mudar a postura do país em relação à produção petrolífera. Se o cenário de um barril de petróleo a 20 dólares se concretizar, a possibilidade de ataques terroristas visando diminuir ou até cessar a produção de petróleo dos países árabes pode se tornar uma realidade. E, o que veríamos, além de um súbito e significativo aumento de preço do barril de petróleo, seria um aumento na já elevada tensão da região É bom lembrar que a região já vive em alerta permanente, por causa da crescente ameaça do Estado Islâmico, da Guerra da Síria, além do sempre presente conflito entre judeus e palestinos. Aliás, Israel, assim como a Arábia Saudita, é ferrenho inimigo do Irã, e não hesitaria em atacar o país persa se tal oportunidade surgisse e não trouxesse grandes consequências.
Em um post recente, citei que um dos pontos críticos para a sobrevivência da sociedade tecnológica do Séc. XXI era o terminal de exportação de petróleo de Ras Tanura. Gostaria de dizer que as probabilidades de que um ataque à essas instalações aumentou consideravelmente nesses últimos 6 meses...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Futuro Será Seco...

Tomando por base a situação do Sistema Cantareira, podemos chegar a uma aterradora conclusão: O futuro será muito seco. E quando me refiro à futuro, é um futuro muito próximo.

Imagine que o Cantareira (e muitos outros reservatórios país afora) é a sua conta no banco.
Quando você percebeu que estava ficando sem dinheiro, foi ao banco e pediu um empréstimo. Então, obviamente, o saldo de sua conta subiu. Só que, há meses, praticamente não entra grana em sua conta. Você já usou todo o seu saldo, e está quase acabando o que entrou como empréstimo. Então, você, sem saída, pede outro empréstimo. Novamente, o saldo em sua conta sobe de maneira artificial. E, depois de meses, começa a entrar algum dinheiro. O que entra diminui um pouco o seu rombo. Mas, logo a injeção de dinheiro acaba e o valor do segundo empréstimo continua a ser consumido. Talvez você não tenha mais como fazer um terceiro empréstimo. Porém, você continua a gastar como se não houvesse problemas. Você mantém o seu nível de consumo, contando que vai ganhar na Mega Sena. Mas, como todo milagre, isso é praticamente impossível de acontecer. Você chega a dizer à seus dependentes que, se eles reduzirem os gastos, você os bonificará. E se eles aumentarem o consumo, serão punidos. Mas não toma nenhuma medida mais drástica...O resultado disso é que, em pouco tempo, você vai falir. Você vai chegar a um ponto em que não terá saldo nem para comprar o item mais insignificante...

Essa seria uma maneira temerária de controlar suas finanças. Mas os governos Brasil afora estão fazendo exatamente isso com a água. Fazem de conta que nada está acontecendo. Incorporam as reservas técnicas dos sistemas como se o tamanho dos mananciais tivesse aumentado, mas na verdade eles já estão secos, e o que está sendo usado é algo que será reposto com muito mais dificuldade. A reserva técnica é o que mantém um manancial vivo. Sem ela,mesmo que chova muito, muita água será perdida, absorvida pela terra seca. Sem falar que a qualidade da água vai se deteriorando. E, por fatores políticos, os governos se recusam a tomar medidas mais drásticas, como racionamento. Insistem em adotar sistemas de bônus e multas, E não resolvem as falhas do sistema de distribuição, que é ineficiente. Ficam apostando que as chuvas serão suficientes para recuperar os mananciais. Não percebem que o regime de chuvas está mudando, que a população está crescendo, que,, sem água, as indústrias vão parar, assim como a agricultura...

Será que os governos municipais, estaduais e o governo federal querem que uma crise realmente séria aconteça? Porque existe um outro fator preocupante para se levar em conta. Com reservatórios baixos, há uma menor geração de energia elétrica num país em que boa parte da demanda é suprida por hidrelétricas. E, as soluções mirabolantes para resolver os problemas das regiões mais secas, ao meu ver, parecem tiros no pé. Transposições são loucura. Basta observar alguns exemplos mundo afora, como lagos secos na antiga URSS, fruto de transposições fracassadas. Soluções muito mais simples, por razões econômicas e políticas não são implementadas, como por exemplo deter o desmatamento da vegetação próxima aos reservatórios,

Talvez seja um exagero pensar assim, mas, é muito possível que grandes centros urbanos brasileiros, como São Paulo, sofram, ainda esse ano, com problemas seríssimos por causa da falta de água. A tendência é que as pessoas comecem a deixar as cidades maiores se a demanda de água não for suprida adequadamente. Desnecessário dizer qual seria o impacto de tal situação, nas áreas econômica e ambiental. Infelizmente, observando-se as mudanças climáticas e a falta de atitudes realmente concretas para se resolver o problema, o caos hídrico e energético é uma possibilidade assustadoramente real...



sábado, 3 de janeiro de 2015

Decisões complicadas

Vamos imaginar algumas hipóteses, que podem ser totalmente verossímeis.

1) Você é preparador, mas está com seu pai, que precisa passar por sessões de hemodiálise em um hospital. E então uma situação de crise acontece; Você tem uma esposa e um filho pequeno. Embora ela consiga se virar sozinha com seu filho para chegar ao refúgio, as chances de algo sair errado seriam muito menores se a família toda estivesse reunida.

2) Você se preparou e a crise chegou para valer. Só que sua vizinha, que está muito doente, e tem duas crianças pequenas, está impossibilitada de se movimentar. Vocês tem uma relação de amizade que já dura anos. E, ela pede para que você leve as crianças, numa tentativa de salvá-las.

3) Na confusão gerada pela situação de crise, durante sua fuga você se depara com um de seus melhores amigos estirado na rua, com um ferimento não tão grave, mas que o impede de se locomover rapidamente. Ele também não deu ouvidos às suas tentativas de alertá-lo sobre a importância de se fazer uma preparação. E, se você parar para ajudá-lo, isso poderá dificultar, ou mesmo impossibilitar a sua chegada ao seu BOL.

4) Estoura a crise. Você está em seu BOL, mas algumas pessoas importantes para o seu núcleo ainda não chegaram. Você tenta, mas não consegue entrar em contato com eles. E, entre essas pessoas, existem alguns membros da família, como seus pais.

O que você faria em cada uma dessas situações? Certamente, em cenários de crise, decisões extremamente difíceis como essas terão que ser tomadas. Mas, você deixaria o pai à própria sorte, mesmo sabendo que, para a sobrevivência de sua família, tal atitude seria necessária? E deixar duas crianças indefesas entregues à própria sorte? E abandonar um amigo ferido? E deixar pessoas que você ama e confia se virarem por si mesmas?
Infelizmente, se você quiser sobreviver, terá que ser frio, calculista, usar a lógica. Em outras palavras, terá que responder afirmativamente às perguntas acima...

É por isso que me preparo, mas não quero que uma crise grave aconteça. É por isso que quem quer que "alguma coisa aconteça" não sabe o que está dizendo. E é por isso que o preparador tem que se preparar também psicologicamente para tomar decisões muito, muito complicadas.
Esqueçam as fantasias de The Walking Dead, ou as peripécias de Bear Grylls. E se preparem para um mundo muito duro, em que não haverá heróis. Apenas sobreviventes...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Pontos Vulneráveis

Neste primeiro post de 2015, gostaria de ressaltar a importância de alguns pontos espalhados pelo mundo para a estabilidade da sociedade do século XXI, e do quão prejudiciais poderiam ser ataques à esses pontos.

1) Centro Financeiro de Manhattan: Este é, sem sombra de dúvidas, o mais importante do mundo. Lá se situam as sedes de empresas e bancos de influência global, além da maior bolsa de valores do planeta. Um possível ataque, utilizando quaisquer meios que impedissem o funcionamento normal das instituições ali situadas provavelmente levariam o mundo a uma recessão comparável a de 1929. Os bilhões de dólares em transações financeiras realizadas diariamente ficariam interrompidas. Sem falar no devastador impacto psicológico que tal ataque traria aos EUA e ao mundo.

2) Complexo Petroquímico de Ras Tanura: Se algo acontecesse à maior instalação de exportação de petróleo do mundo, as consequências poderiam ser bem severas. O maior produtor do mundo, a Arábia Saudita, ficaria impedida de exportar o petróleo que é vorazmente consumido pelas economias ocidentais. Tal fato provavelmente traria um gigantesco impacto econômico, porque provavelmente o preço do barril dispararia, e a Europa ficaria sem um de seus principais fornecedores. Além disso, dependendo da natureza do ataque, as tensões no Oriente Médio poderiam aumentar e deflagrar guerras, deixando o cenário ainda mais caótico. É possível até que o que aconteceu em 1973, quando chegou a faltar combustível nos postos dos EUA e de outros países, voltasse a acontecer.

3) Canal do Panamá: Este canal, que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, é uma das instalações mais importantes para o comércio mundial. Sem ele, os navios que transportam produtos entre, por exemplo, a Costa Leste dos EUA e China, seriam obrigados a passar pelo extremo sul das Américas, uma área de difícil navegação. Se alguma coisa acontecesse ao canal, isso prejudicaria de forma bastante severa os dois principais motores da economia mundial. As consequências seriam desastrosas para a economia mundial.

4) Base Schriever, da Força Aérea Americana: Esta base é responsável pelo controle muitos satélites militares americanos, entre os quais, os que compõem o Global Positioning System, ou GPS. Se algo acontecesse à essas instalações, o mundo ficaria sem o mais preciso sistema de navegação já criado, que orienta a maioria dos meios de transporte existentes no mundo, notadamente o aéreo. Desnecessário dizer o imenso caos que a falta desse sistema traria.

Existem muitos outros pontos sensíveis espalhados pelo mundo. Cidades, usinas de geração de energia nuclear, sistemas de controle de tráfego aéreo, backbones de internet. A lista é imensa.
E, quando olhamos desse ponto de vista, é realmente um milagre o fato de que nenhum desses pontos tenha sido (ainda) alvo de ataques. É claro que para a maioria dos países, mesmo aqueles que são, digamos, anti-ocidentais, como o Irã, não seria inteligente causar danos desta natureza, pois certamente eles também seriam seriamente afetados. Mas, o que dizer de grupos como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico? O que dizer de grupos cujo único objetivo seria espalhar o caos?
É claro que, teoricamente, seria bastante difícil atacar com sucesso uma base da Força Aérea Americana dentro dos EUA. Mas, teoricamente, não seria tão difícil explodir um grande navio no Canal do Panamá e danificar o sistema de eclusas deste.
Tudo depende do grau de organização, acesso a recursos e determinação de grupos assim. Mas, uma coisa é certa:

Se existem pessoas capazes de amarrar explosivos ao próprio corpo e virarem homens e mulheres-bomba, em prol de uma causa de eles julgam correta, porque não existiram homens e mulheres capazes de espalhar o caos transformando em realidade alguns dos pesadelos descritos acima por esta mesma causa?

Por tudo isso, volto a dizer:

Espere pelo melhor, mas se prepare para o pior.

Feliz 2015!