Ultimamente, tem sido destaque na imprensa os sucessivos recordes de perda de água do Sistema Cantareira, um dos que abastecem a cidade de São Paulo. Hoje, 20 de Abril, o nível de água do reservatório estava em 12,1% da capacidade. Nesse mesmo dia de 2013, o nível estava em 63,8%. Os níveis de chuva de 2013 (89,3mm) e 2014 (83,6mm) são parecidos, embora este ano tenha chovido um pouco menos. E não é só isso. Mais um dos sistemas, o do Alto Tietê, está com o nível de 37,1%, ou seja, um pouco acima de 1/3 de sua capacidade. Apenas a represa de Guarapiranga parece estar com um nível confortável (79,1%).
O principal problema não é o nível dos sistemas agora. Nos próximos meses, com o inverno, e consequentemente um menor consumo de água, os níveis desses reservatórios devem subir. O problema vai ficar realmente sério nos meses finais de 2014 e iniciais de 2015. Se o nível está tão baixo assim agora, é de se pensar que em 2015 a situação estará realmente seríssima, posto que, no ano passado, o nível do Cantareira estava acima de 60%.. Existem vários pontos que mostram o total despreparo das autoridades em lidar com a crise hídrica. O governo atual reluta em decretar racionamento, porque este é um ano eleitoral e uma medida desta natureza causaria perda de votos. Apenas agora, com a crise instalada, o governo se preocupou em fazer campanhas para tentar conscientizar a população sobre a importância de se economizar água. Isso mostra que, neste país, não se faz planejamento para o futuro. O aumento de consumo e constante e a instabilidade climática é um fato que deve ser considerado em todos os cálculos para a quantidade de água a ser reservada. Portanto, novas fontes de abastecimento já deveriam ser providenciadas há 5, 10 anos. A cidade deveria ter uma reserva ociosa, para enfrentar imprevistos.
Aí é de se pensar: Se um sistema de vital importância para a maior cidade do país é tão mal administrado, e não está, de modo algum, preparado para crises repentinas, o que dizer dos outros sistemas que mantém o país funcionando? Como estará o sistema elétrico? Será que o governo tem planos de contingência para uma súbita interrupção no abastecimento de combustível do país? E no caso de um acidente nuclear em Angra dos Reis? Que medidas tomaria o governo para proteger os cidadãos se algo parecido com Chernobyl acontecesse em Angra?
Em países como os EUA, existem agências governamentais para gerenciamento de crises, o equivalente à nossa Defesa Civil, só que muito mais preparada e eficiente. Os EUA têm uma reserva de petróleo, que permite ao país ficar sem nenhuma importação por alguns meses, mesmo que somente os serviços essenciais pudessem ser mantidos. Outros países, como França, Canadá, Reino Unido, Espanha, tomaram providências semelhantes para se salvaguardar contra crises. Esses países possuem órgãos na área epidemiológica que estão preparados para agir em caso de episódios de contaminação por microrganismos patogênicos.
O Brasil decididamente não esta minimamente preparado para nenhum tipo de crise. Mesmo em dias normais, o nosso sistema de saúde já opera acima de sua capacidade, é extremamente mal administrado e existem inúmeros casos de corrupção. Quando aconteceu a tragédia de Fukushima que, embora tenha mostrado que a TEPCO não tenha sido eficiente nas medidas de segurança da usina, foi um retrato da extrema eficiência das agências de gerenciamento de crise do Japão, um programa de televisão fez uma entrevista com cidadãos que vivem próximos às usinas nucleares de Angra. Nenhum treinamento para situações de emergência jamais foi feito. Mesmo nas nossas tragédias corriqueiras, vemos que a Defesa Civil tem que lutar com a falta crônica de recursos para ajudar os atingidos nos deslizamentos e inundações.
Portanto, caro sobrevivencialista, não espere nenhuma ajuda governamental em cenários de crise. E mais, mantenham-se preparados, pois não há transparência sobre as reais condições de nossa infra-estrutura hídrica e energética. Nossos governantes são extremamente irresponsáveis e corruptos. Não pensam no futuro, não se preparam para potenciais desastres, nem ao menos tomam as medidas certas durante as "pequenas" crises que rotineiramente nos atingem.
PS - Este artigo ilustra bem o despreparo do país para gerenciar crises.
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