segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sobre barragens e crises

Desde que adotei a filosofia de vida sobrevivencialista, jamais vi um conjunto de situações tão nefasto, pelo menos aqui no Brasil, especialmente nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste.
O que me assusta mais é, se de um lado a situação é extremamente preocupante, por outro, em plena "era da informação", nunca vi uma passividade tão grande. Chega a ser desesperador.
A poucos dias, aconteceu o terrível "acidente" da barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro, em Mariana, Minas Gerais. Alertas já tinham sido feitos à respeito da inadequação da estrutura para suportar a quantidade de material nela estocado, e nada foi feito. Mais uma vez, o poder público se mostrou omisso e ineficaz, no que diz respeito à fiscalização. E o desastre, além de ter destruído dois vilarejos e feito um número ainda não conhecido de vítimas fatais, está contaminando a água de várias cidades, tanto em Minas como no Espírito Santo, numa época em que estes estados já enfrentam a pior crise hídrica de suas histórias.
Este episódio nos mostra, acima de tudo, que nunca estivemos tão sozinhos. O que se pode esperar para os próximos meses? A principal hidrelétrica do Nordeste, Sobradinho,  tem pouco mais de 3% em seu reservatório. E da maneira como o sistema é configurado, se este vier a secar, boa parte do sistema de hidrelétricas nordestinas será duramente afetado, pois é a água de Sobradinho que faz com que o sistema de Paulo Afonso funcione em períodos de estiagem. E, assim como no caso da barragem, em que o poder público insistia em dizer que não havia riscos, apesar de várias evidências em contrário, ninguém deixa a população saber quais são as reais consequências para o sistema elétrico brasileiro, e em especial, nordestino, se as principais usinas hidrelétricas da região tiverem que paralisar sua produção. Ninguém fornece informações claras à respeito da quantidade de água exata que existe em muitos reservatórios, incluindo, o da cidade onde moro.Algumas pessoas ligadas à entidades independentes alegam que a água aqui acabará em 3 ou 4 meses.
A população está completamente anestesiada, passiva, em compasso de espera. Por mais que muitas entidades tentem alertá-la de que a situação jamais esteve tão complicada, e que planos de contingência precisam ser elaborados, quase ninguém liga. A preocupação principal da maioria é ficar na torcida à favor ou contra o impeachment presidencial, à favor ou contra a queda do presidente da câmara dos deputados, como se isso fosse um clássico futebolístico, e como se isso fosse resolver instantaneamente todos os problemas que temos.
Tendo a acreditar que muitos prefeitos querem que suas cidades entrem em situação de emergência, para ter acesso à recursos financeiros do governo federal de forma mais rápida e não precisar realizar licitações para o uso destes recursos em projetos. Mas, diante da situação econômica do país, isto, caso se confirme, pode ser um grande tiro no pé.
Vale um alerta para os sobrevivencialistas, bushcrafters e preparadores, especialmente das regiões afetadas pela crise hídrica:

Armazenem água. E quem puder, procure formas de conseguir energia sem depender do sistema. Quem não puder, tenha ao menos métodos de iluminação que não dependam da rede elétrica. Estoquem gás de cozinha.

Procuro sempre ser muito realista em meus posts. Este aqui pode soar como algo muito extremado. Mas, pelo que vemos em todas as esferas de atuação, do governo federal aos prefeitos, as providências necessárias para prevenir crises, ou ao menos estruturar planos emergenciais caso a situação se agrave simplesmente não existem. Assim foi com a barragem. Assim está sendo com os reservatórios. E assim será se (ou pior, quando) nossos reservatórios chegarem a 0%.

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