sábado, 14 de novembro de 2015

Terror?

Não, não vou falar da França. 

Vou falar do Brasil mesmo!

Aqui existe terrorismo. Aqui pessoas inocentes também são baleadas por atiradores com AK-47. Aqui, pessoas são vitimadas por explosões terroristas. Mas não são explosões de dinamite, e sim de irresponsabilidade. E o que motiva os terroristas aqui é a ganância, o poder, o dinheiro.
Ouvi num dos telejornais que cobrem incessantemente o ocorrido na França que agora, os franceses não podem mais ter paz para ir à uma padaria e tomar um café sossegadamente. E nós? Será que podemos? Ninguém percebe que, em muitas padarias, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos, mesmo com seguranças armados, são vítimas de constantes assaltos, com requintes de crueldade e frieza análogas aos dos terroristas em Paris? Existem estradas aqui, seja no interior do Nordeste, seja na Linha Vermelha, no Rio de Janeiro, em que se corre sério risco de ser alvejado por balas perdidas. Os tiroteios são de tal intensidade que as pessoas, com seus filhos, são obrigadas a procurar abrigo debaixo de seus carros. Se isso não é terror, então não sei o que é.
A violência em nossas cidades chegou ao ponto em que muitas casas são verdadeiras fortalezas, com câmeras, cercas elétricas e outras medidas para tentar manter afastado o terror que é ser feito de refém por assaltantes, ou o terror de ver anos de trabalho serem levados, ou o terror absoluto de ver sua esposa, marido, pais ou filhos sob a mira de uma arma de um assaltante drogado. 
E o terror de não ter água para beber, ou para higiene? Muitas cidades brasileiras estão sendo abastecidas por caminhões-pipa, pois seus mananciais secaram. E a ameaça que ronda o sistema elétrico, em que as usinas hidrelétricas e seus reservatórios em nível crítico nos assombram com possíveis apagões? Isso é aterrorizante. 

Eu sinto muito pelas vítimas inocentes dos atentados em Paris. Mas, diferentemente do que a mídia insiste em empurrar goela abaixo nas pessoas, aqui também temos terrorismo. Eu sinto muito mais pelas crianças arrastadas por criminosos em um carro. Sinto muito mais pelas vítimas de um lamaçal tóxico. Sinto muito mais pelas vítimas das inúmeras balas perdidas em nossas metrópoles, ou pelo pai de família comerciante, brutalmente assassinado enquanto tentava garantir o sustento da família. 

Só que não teremos nas redes sociais, ou nos noticiários, um milésimo da comoção mundial, ou mesmo nacional, gerada pelos atentados na França. Infelizmente. 

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