Sempre discutimos hipóteses sobre como seria uma SHTF. Sempre esperamos algo repentino, como uma queda da internet, uma pandemia ou outro fenômeno, digamos, espetacular. Mas a realidade é que a crise já está nos atingindo, e de uma maneira que poucos julgariam plausível anos atrás. As maiores cidades brasileiras, com exceção das que se situam no Sul e na região Norte, estão a um passo de ficar sem água, num país que tem uma das maiores reservas de água doce do mundo.
O que tenho acompanhado mostra que a situação é muito mais séria do que se imagina. Em diversas cidades menores pelo país, pessoas tem protestado contra a falta de água. Por exemplo, em Itu, no interior de São Paulo, e em Areia, no Brejo paraibano, os protestos causaram desde bloqueio de estradas até incêndio de transportes públicos. Isso é só o começo. Em algum momento, nas cidades maiores medidas extremamente impopulares terão que ser adotadas. Imagine qual será a reação da população de uma cidade como São Paulo ao saber que só terá água (barrenta) nas torneiras somente por dois dias durante a semana? Os governos hesitam em agir de maneira dura agora, ainda esperando pelas chuvas torrenciais que (temporariamente) amenizariam os problemas. Eu me pergunto se existe algum grau de sanidade na cabeça de alguns políticos, que veem os reservatórios de suas cidades entrarem em suas reservas técnicas e declaram que não haverá problemas com o abastecimento de água. Mas não há como escapar. Medidas muito duras são uma questão de tempo.
Um outro ponto é que, à medida em que um reservatório vai secando, a concentração de poluentes em suas águas vai aumentando. É impossível utilizar 100% da água de um reservatório, pois quando a quantidade de água está muito baixa, esta ficará impossível de ser tratada. Então, na prática, reservatórios como o Cantareira, que atualmente só tem 5% de sua capacidade de armazenamento pode ter muito menos que isso de água que pode ser utilizada. O seu esgotamento pode estar muito mais próximo do que dizem.
Existem algumas propostas para solucionar o problema da água em algumas cidades. Mas, estas são inviáveis, porque preveem o uso de fontes de água que já estão no limite, ou estão severamente poluídas, ou demorariam anos para serem implementadas.
A menos que caia um dilúvio de proporções bíblicas sobre os reservatórios de água Brasil afora, a chance de um colapso é muito, muito grande. Eis algumas das consequências:
Impacto econômico brutal: As indústrias que fazem uso intensivo da água terão que diminuir ou parar a sua produção. Demissões em massa irão acontecer. E, como uma cascata, os efeitos da queda da atividade industrial se refletiria no setor de serviços. Além disso, serviços que dependem de água, como restaurantes e lavanderias terão que parar. Ou seja, mais demissões. Num cenário econômico de baixo crescimento, de preços elevados, alta de inflação e de juros, sem água, a recessão é questão de tempo.
Crise severa na segurança pública: Sem emprego e sem água, a população irá para as ruas protestar. Saques, assaltos, roubos, vandalismo e assassinatos tem grandes chances de terem seu número aumentado.
Êxodo: Alguns cenários preveem que, sem água, muitas pessoas abandonariam as cidades maiores, em busca de melhores condições em regiões onde houvesse fornecimento de água.
Os sobrevivencialistas que vivem em grandes cidades afetadas pela crise hídrica devem entrar em "estado de atenção". Armazenem o máximo de água que puderem. Não é exagero dizer que a situação pode se deteriorar logo. E os que tem a sorte de viver em cidades menores ou numa região pouco povoada também devem ficar alertas. Manter estoques de água preparados é fundamental. Não gostaria de dizer isso, mas vamos passar por um período de grandes provações...
E olhe que nem entrei na questão do fornecimento de energia...
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