sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Cair da Noite

Li recentemente um livro do escritor de ficção científica Isaac Asimov, chamado O Cair da Noite (o livro foi originado do conto de mesmo nome e do mesmo autor). A estória se passa num planeta hipotético, chamado Kalgash, que é parecido com a Terra em tudo, exceto pelo fato de seus habitantes não conhecerem a noite, pois o planeta é iluminado por seis sóis. Porém, cientistas, estudando a órbita de Kalgash, descobrem perturbações que fazem com que a trajetória real não coincida com a dos modelos teóricos. Mais tarde eles chegam à conclusão de que o planeta tem um satélite natural, invisível por causa da eterna claridade do céu. Paralelamente a isso, existe um grupo religioso, chamado Apóstolos do Fogo, que insiste que, a cada 2049 anos, o planeta enfrenta um dia de Escuridão. O céu ficará repleto de objetos chamados Estrelas, e o fogo celeste destruirá as cidades do planeta. Ao mesmo tempo em que os astrônomos investigam a órbita do planeta, arqueólogos descobrem uma colina, na qual parece haver restos de cidades, umas sobre as outras, separadas pelo que se parece com cinzas.
No decorrer da estória, os astrônomos chegam a conclusão de que num dos raros dias em que, enquanto á 5 sóis num lado do planeta, e o outro é iluminado pelo sol restante, o satélite natural irá se aproximar de tal maneira do planeta que irá causar um eclipse deste sol, por tempo suficiente para que todos os locais de Kalgash fiquem totalmente às escuras. E a data que tal fenômeno acontecerá coincide com a data que os Apóstolos do Fogo dizem que o mundo irá acabar. Quando a mídia descobre que a ciência e a religião compartilham da mesma opinião, pelo menos no que se refere à data de uma possível calamidade, ela ridiculariza fortemente todos os cientistas envolvidos nas descobertas. Quando o dia fatídico chega, o caos toma conta do planeta. As pessoas ficam perturbadas pela escuridão, pela visão de milhares de estrelas, e tocam fogo em tudo o que encontram pela frente, na tentativa de trazer a luz de volta. E, mesmo com o fim do eclipse, muitas pessoas continuam transtornadas. É o fim da civilização...

Capa do livro


Podemos traçar alguns paralelos entre Kalgash e a Terra. O livro descreve com uma maestria impressionante a reação de diversos tipos de personagens antes, durante e após a crise. O ceticismo da maioria das pessoas em relação à uma tragédia anunciada. A reação desesperada da maioria ao ver que o mundo ao qual elas estão acostumadas está desmoronando. O isolamento dos poucos que se prepararam e que se esconderam em abrigos (seriam os sobrevivencialistas). A percepção dos sobreviventes de que o mundo mudou e que novas maneiras de agir, antes consideradas brutais e desumanas, serão necessárias para a sobrevivência. A fome e o desespero. O surgimento de grupos que irão querer preencher o vácuo de poder após a queda dos governos. A influência da religião no modo como as pessoas reagiram antes, depois, e principalmente durante a crise. A necessidade de se armar e de fazer o uso de armas, nem que seja para espantar potenciais inimigos. O desconhecimento e/ou descrença em relação à fenômenos espaciais.

É uma obra de ficção científica que descreve uma situação que jamais, jamais enfrentaremos na Terra. Mas eu acredito que todo sobrevivencialista poderia ler este livro, principalmente porque é uma descrição bastante interessante sobre o que as pessoas fariam em caso de uma SHTF. É um "tratado de psicologia sobrevivencialista".


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