sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O Mundo de 2020

Outro dia revi um filme que marcou muito a minha infância. Ele se chama No Mundo de 2020. Feito em 1973 e estrelado por Charlton Heston, mostrava uma Nova Iorque (e, por extensão, a Terra) devastada por ondas de calor, superpopulação, sede e fome, A única forma de alimento para a maioria da população era uma espécie de biscoito chamada Soylent Green (que também é o título original do filme, em inglês). Afinal, poucos poderiam comprar um pote de geleia por 150 dólares...

Guardadas as devidas proporções, como estará o nosso mundo em 2020?  O que vemos agora em 2015 nos faz ver com preocupação o futuro próximo. Vou me restringir apenas à questão ambiental, que é o foco do filme.

No filme, a previsão era que Nova Iorque estivesse com uma população de cerca de 40 milhões de habitantes. Mas na realidade, a população nesta cidade deverá, em 2020, girar em torno de 9 milhões. Porém, em muitas cidades pelo mundo, a superpopulação já é um sério problema. Cidades como Xangai, Karachi, no Paquistão, e Lagos, na Nigéria chegarão aos 20 milhões de habitantes entre 2020 e 2030. A distribuição de comida e água, a poluição do ar, das águas e do solo são problemas sérios. E a tendência é que o quadro se agrave à medida em que estas e outras cidades incham.

A Nova Iorque do filme sofre com ondas de calor terrível. A da vida real também. Em vários verões, particularmente os do começo do Século XXI, pessoas chegam a morrer de calor em apartamentos e casas sem refrigeração, especialmente os mais idosos. Porém, o clima ainda é ameno em boa parte do ano. E os invernos também tem sido muito intensos, com recordes de precipitação de neve.

O que dá a entender no filme é que as florestas e até mesmo a vegetação nas cidades foi de tal modo destruída que restam uns poucos santuário de vida vegetal e animal. Embora a situação esteja séria hoje, e certamente continuará séria em 2020, ainda existe muita cobertura vegetal e vida animal no planeta. Porém, o homem já destruiu imensas áreas de floresta e é responsável pela extinção de milhares de espécies. Se isso não for controlado, em poucas décadas ficaremos realmente em apuros.

O filme indica que a falta de alimentos, mesmo para os que tem grande poder aquisitivo é uma dura realidade em 2020. Os poucos alimentos frescos são de péssima qualidade e custam muito, muito caro. As pessoas são obrigadas a se alimentar com uma espécie de biscoito feito de algas marinhas. No mundo real, isto é um fato, especialmente no continente africano, em algumas áreas das Américas, especialmente a Central e a do Sul, e também em boa parte da Ásia. Porém, se o alimento produzido no mundo fosse distribuído de forma justa e as perdas nos processos de produção e transporte fossem diminuídas, todos os habitantes do planeta teriam o que comer. Mas, se a degradação ambiental prosseguir com a velocidade atual, isso vai deixar de ser uma realidade. Neste momento, no Brasil, já há preocupações em relação ao fornecimento de alimentos por causa da seca que assola boa parte do país. A produção está diminuindo e os preços aumentando.
Ainda não estamos numa situação tao grave quanto a do filme, mas, a menos que alguma coisa seja feita, em poucas décadas poderemos ficar numa situação realmente séria.

Nós, sobrevivencialistas, temos que nos preocupar com essas questões. É possível que, mesmo que uma SHTF não aconteça de uma forma mais dramática, é possível que em algum momento sejamos obrigados a consumir o que pacientemente temos estocado. Questões ambientais e econômicas me levam a fazer essa sombria previsão. Embora o mundo não esteja numa situação tão terrível como a descrita no filme No Mundo de 2020 em 2020, podemos testemunhar durante nossas vidas uma degradação realmente séria, que fará com que tenhamos saudades dos dias "de fartura" de hoje.

PS - Spoiler do filme - Os citados biscoitinhos são na verdade feitos de cadáveres, reciclados para alimentar os vivos...

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