Imagine o seguinte cenário:
Uma terra aonde as forças da lei e ordem praticamente não existem. As pessoas se deparam com assaltos, assassinatos e tiroteios quase que diariamente. O sistema de saúde funciona muito mal. Muitos doentes voltam para casa sem atendimento e acabam optando por tratamentos, digamos, controversos, como beber um preparado à base de plantas medicinais, de eficiência duvidosa. Não existe um sistema de transporte eficiente e os moradores têm que andar quilômetros até ter acesso à um, e muito ruim, diga-se de passagem. Educação, quase não existe, pois falta água, e sem água, o colégio não tem como funcionar. A água nas residências é armazenadas em cisternas. Só enchem quando chove. A internet e as redes de celular passam a maior parte do tempo sem funcionar, e, quando funcionam, é de forma extremamente ineficiente. Muitas dessas pessoas nem podem se dar ao luxo de ter celular ou internet, pois nem energia tem em suas casas.
Parece um cenário pós-calamidade, como um terremoto ou enchente. Mas na verdade esse é o dia-a-dia de boa parte da população brasileira. Essas pessoas aprendem na prática o que é sobrevivencialismo. Já vivem num cenário de crise. Elas mal vão notar alguma coisa de diferente se houver uma crise generalizada.
Ter medo de sair de casa, ter que ficar o tempo todo ligado, desconfiando das pessoas paradas em sua rua, desconfiar de motoqueiros, achar qualquer carro diferente que aparece na sua rua suspeito, especialmente se este fica com alguém dentro deles durante alguns minutos, olhar para todos os cantos enquanto se está na rua, morar em verdadeiras cadeias, com inúmeras grades, cadeados, cerca elétrica. Isso não pode ser normal, não pode ser vida. Só durante uma crise é que deveríamos agir dessa maneira. Aí é onde me pergunto: Isso que estamos vivendo hoje não seria uma crise? É óbvio que não estamos numa situação totalmente caótica. Capengando, o sistema ainda funciona. Mas, até quando? A tensão sobre o sistema aumenta cada vez mais. Vejam por exemplo o nível de consumo de energia elétrica neste país e vejam como estamos numa situação perigosa. Não chove e faz calor. Com o calor, aumenta o consumo de energia, principalmente com o uso de ar-condicionado e outras maneiras de se refrescar. Ao mesmo tempo, se não chove, o nível dos reservatórios das hidrelétricas cai, fazendo com que elas gerem menos energia, exatamente quando o consumo atinge o máximo. Se esse ano está complicado, no próximo vai ser pior. Até que, vai chegar o momento em que o sistema não suporta mais e quebra.
Assim é com todos os aspectos da vida. Vejam a quantidade de crimes, em grandes e pequenas cidades. Chegamos ao ponto em que caixas eletrônicos em cidades menores são tão visados e tão assaltados, que muitas prefeituras simplesmente não querem mais esse tipo de facilidade. Mas, não é só isso. Todas, eu digo, todas as casas, desde mansões até barracos são alvo em potencial de assaltos, roubos, furtos. Está tão séria a situação que mesmo quem é considerado pobre, tem as suas poucas coisas roubadas. Não há mais local seguro. Nem os templos religiosos estão livres dos ladrões. Exatamente como seria durante uma crise generalizada.
Esse é o ponto, amigos: Já estamos em crise. Já temos que agir tomando cuidados que antigamente só se viam em locais de conflito armado. Acredito que, infelizmente, a situação ficará ainda mais complicada, até o sistema se desintegrar totalmente. E não se iludam. Mesmo com toda a preparação do mundo, basta estar no lugar errado na hora errada e tudo pode ir para o brejo. Para sobreviver não basta se preparar. Tem que ter sorte. E quando maior a crise, maior a quantidade de sorte que precisamos ter.
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