Neste final de semana ouvi uma história bastante interessante.
Uma amiga minha estava falando sobre a avó, que viveu no sertão nordestino durante mais de 40 anos, e nunca passou fome, mesmo sendo uma mulher com poucos recursos. A pergunta é: Como ela conseguiu sobreviver sem se preocupar com a alimentação da família, enquanto os vizinhos, ou passavam fome, ou iam embora?
Ela tinha uma filosofia sobrevivencialista. Esta senhora conhecia a região muito bem e prestava atenção nos sinais que a natureza dava. Para começar, ela construiu em sua propriedade cisternas para recolher a água das chuvas. Enquanto os vizinhos insistiam em criar vacas, ela resolveu criar cabras, por exigirem muito menos alimento, e por serem muito mais adaptadas ao semi-árido. As cabras forneciam carne, queijo e leite, sendo esses dois últimos, responsáveis também pelos recursos financeiros que ela conseguia durante a seca. Ela estocava os grãos das colheitas, tanto para consumo como para garantir a plantação na época das chuvas.
Preparação. Esta é a chave. Por conta do meio inóspito que é o semi-árido, ficar preparado, é a chave da sobrevivência. Para o sertanejo, a crise é tão duradoura quanto a seca. E, os poucos momentos de fartura só servem para quem tem essa filosofia sobrevivencialista se preparar para a próxima seca. Muitos sertanejos não resistem e vão embora para as cidades, por não se prepararem adequadamente, por achar que a fartura dessa vez vai durar. E quando a seca volta, os pega de surpresa.
Nós, habitantes da cidade, não temos ideia do que é viver nessas condições. Só devemos estar cientes de que, quando a crise vier, devemos estar preparados. Porque, ao contrário de muitos sertanejos, não teremos para onde fugir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário