Esta semana estamos passando pela experiência de ficar sem água.
Aqui, com o racionamento no esquema de 4 dias sem água e 3 dias com água (na prática é 5 dias sem) por semana, quando tem água, enchemos as caixas, e, por precaução, enchemos também diversos tonéis e reservatórios, para não sermos pegos de surpresa.
Só que um defeito na válvula de retenção no encanamento fez com que, toda a água acumulada nas caixas escorresse de volta para a tubulação, quando o fornecimento foi interrompido.
Então, estamos nos virando só com a água dos tonéis (uns 250 litros).
Vou dizer que é algo extremamente estressante, ainda mais quando se tem filho pequeno. Qualquer coisinha, como usar o banheiro, escovar os dentes, lavar um prato ou tomar um banho dão uma mão de obra incrível. Um exemplo, ao levantar de manhã, a primeira coisa que se faz é ir ao banheiro e depois lavar o rosto. Depois de urinar, automaticamente se aperta a descarga. Então você se lembra que não tem água, e, para economizar, espera as três pessoas da casa urinarem (e o aroma que fica não é lá muito agradável) para só então ir aos fundos da casa, onde estão os tonéis e encher um balde para dar a descarga. Na hora de lavar o rosto, automaticamente se abre a torneira. Só que, como não sai uma gota, o jeito é usar a água da baciazinha em cima do balcão da pia. São idas e vindas com um balde para se fazer um café, para se lavar os alimentos, a louça e deixar tudo limpo. Os banhos são extremamente insatisfatórios, especialmente numa época de extremo calor como essa. Temos que apelar para o banho de cuia. E, parece que o meu filho advinha que não tem água e se suja mais que o habitual.
E, apenas 2 dias depois, os 250 litros de água estão perto do fim, mesmo tomando todo o cuidado. A sorte é que temos as casas dos parentes para nos salvar. Mas, e se fosse durante uma crise séria? E se o abastecimento na cidade for totalmente interrompido (há uma boa chance de que isso venha a acontecer no próximo mês de Janeiro)?
O que está acontecendo comigo e com minha família está servindo de alerta. Precisamos de muito mais água do que pensamos. Precisaremos, durante as crises, rever diversos conceitos em relação ao uso da água. E olhe que, pelo menos em relação à água para nosso consumo, temos diversos galões de água mineral. Mas, em caso de colapso total no abastecimento, não teremos como repor esta reserva. Não existe nenhum plano governamental para garantir um mínimo de água para a população. Não quero nem imaginar o que pode acontecer se, de fato, a água parar de chegar.
E, para piorar ainda mais a situação, não há chuvas previstas para os próximos dias aqui na região.
Para quem vive em regiões sujeitas à crise hídrica, as relações com a água terão que mudar. Temos que economizar. A era da água farta parece estar chegando ao fim. Coisas como banhos demorados, brincadeiras com água e piscinas podem se tornar artigos de luxo num futuro muito próximo...
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