quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cegueira

É preocupante. A maioria das pessoas está cega. Quase ninguém percebe como o nosso modo de vida tecnológico é frágil. Poucos param para pensar em como seria o mundo sem os confortos a que estamos acostumados, tais como internet, água encanada, remédios, vacinas, meios de transporte e supermercados. Poucos percebem como as mudanças climáticas são gritantes. Na minha opinião, existem alguns motivos para isso.

O primeiro deles é que, se um problema não está na mídia, ele não existe. Vejam por exemplo, a usina nuclear de Fukushima. Ela continua lá, liberando radiação para o meio ambiente. A situação lá se deteriora a cada dia, na medida em que os diversos danos ocorridos após o tsunami vão aumentando, por falta de manutenção, pela instabilidade do terreno e outros. Mas, como ninguém na mídia fala nada, parece que tudo está resolvido.

Outra questão é que somos individualistas. Se o verão estiver escaldante, se há meses não chove na cidade de praia, é maravilhoso. O banho de mar e a cerveja estão garantidos. Praticamente ninguém vai pensar que em situações assim, as reservas de água e o sistema energético são levados ao limite, por uso excessivo. Caso falte água ou energia, na praia tudo é diversão. Mas, poucos verão que doentes nos hospitais podem vir a morrer, que muitos moradores de áreas carentes vão sofrer demais com o calor, assim como muitos trabalhadores que cumprem suas funções ao ar livre ou em áreas sem refrigeração.

Muitos acham que as coisas "se resolvem". Se um reservatório de água chega ao limite, sempre haverá maneiras de aumentar este limite. Se uma área de cultivo é exaurida por uso excessivo, sempre haverá outra para ser usada. Se um poço de petróleo seca, sempre se pode furar outro. Só que quase ninguém percebe que este planeta, embora bem grande, é finito. E que muitos sistemas já estão muito próximos do limite. Um exemplo interessante é o que ocorreu na Arábia Saudita nos últimos 50 anos. Este país era autossuficiente na produção de trigo. Só que a água usada  nas plantações foi extraída de poços mais rápido do que a natureza podia repô-la. O resultado é que os sauditas hoje importam praticamente todo o trigo de que precisam.

A memória da maioria das pessoas é curta, muito curta. E a passividade, gigantesca. É impressionante como praias desaparecem, cidades alagam, secas destroem grandes áreas, animais e plantas somem e ninguém se dá conta. Um exemplo chocante, pelo menos para mim, é uma fruta chamada carambola. Quando eu era criança, esta fruta era muito comum aqui onde moro. Hoje em dia, praticamente não se encontra mais. E olhe que procurei bastante. Outro exemplo é que eu costumava jogar vôlei de praia nos anos 90 em locais à beira-mar que hoje não existem mais. O mar levou.  Nessa mesma região, as proteções colocadas pelos donos das casas à beira-mar já foram destruídas. Algumas dessas casas já foram condenadas pela Defesa Civil.

E, o mais preocupante. Não há transparência em relação à verdadeira situação dos diversos sistemas que tornam a sociedade possível, Como está realmente o sistema energético brasileiro? Existe ou não risco de apagão? E a questão da camada de ozônio? Estamos mesmo protegidos, ou a poluição já destruiu boa parte dela? Estas e muitas outras questões, como o aquecimento global, são motivo de controvérsia. Não é do interesse de quem domina o sistema passar estas informações. Pode soar como paranoia, mas, tendo em vista a atuação dos governos nas mais diversas calamidades, não dá para confiar.

Como já disse em outros posts, não quero que uma crise grave aconteça. Não quero ser aquele que "ri por último". Não quero ter que passar pela situação de ver um amigo precisando de ajuda, mas ter que escolher entre ele e minha família. Se ao menos pudéssemos convencer as pessoas de que o perigo existe e que algumas medidas simples poderiam amenizar o sofrimento em caso de crise  são simples de serem tomadas, seria uma boa. Mas no fim, o que escutamos são xingamentos e piadinhas. E a imprensa ainda trata os sobrevivencialistas em tom de brincadeira.

Gostaria de propor a cada um dos que lerem esse post que mostre a verdadeira essência do sobrevivencialismo, da preparação. Uma boa analogia pode ser feita com seguros de carros. Pode ser que você nunca tenha sofrido uma batida, nunca teve seu carro roubado. E mesmo assim faz seguro. Porque você não pode garantir que essa situação vai permanecer indefinidamente. Assim é o sobrevivencialismo. Assim é a preparação.

2 comentários:

  1. Não sei se meu comentario foi computado.
    Estava dizendo que há um processo de emburrecimento das pessoas, parece que as pessoas não pensam no amanhã, a lógica de vida hoje, em uma guinada amanha pode mudar todo nosso contexto.

    eu estou com um projetinho de filtrar a agua da maquina de lavar roupa, para aproveitar ela para lavar e agoar plantas.

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  2. Pois é Saulo. A situação é crítica. Um vídeo que mostra isso de uma forma muito clara é esse (em inglês):
    http://www.youtube.com/watch?v=FYoXxVnTePA

    Abraços!

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