Todos os dias, novos produtos, novas tecnologias e novos serviços são disponibilizados para as pessoas. Carros com cada vez mais eletrônica embarcada, eletrodomésticos com cada vez mais funcionalidades, uma gama de dispositivos cada vez maior, como por exemplo tablets e e-readers. E cada um com as suas vantagens maravilhosas, pelo menos segundo as suas caríssimas campanhas publicitárias. Mas a pergunta fundamental é: Realmente precisamos de tudo isso? E o mais importante: O que acontece com nossas vidas se esses dispositivos nos deixarem na mão?
Vamos usar um carro como exemplo: Muitos modelos são equipados com câmbio automático. Se você está em um engarrafamento, não precisa se preocupar em ficar trocando marchas a todo instante. É muito mais cômodo. Mas, existe um preço à pagar. A maioria dos sistemas desse tipo, mesmo os mais avançados, ainda não tem a sensibilidade humana em relação ao momento certo de se trocar as marchas. Ou seja, esse sistema ainda faz com que o carro gaste mais combustível e se desgaste mais. Além disso, é mais difícil de ser reparado, em caso de quebra, e, em algumas situações, ele pode te deixar totalmente na mão. Se, por exemplo, a bateria do carro falha, de modo que não há como dar a partida, feche o carro e vá embora. Num carro manual, ainda daria para fazê-lo pegar no tranco.
O que quero dizer com isso é que há um preço a pagar (além do custo financeiro) por certas facilidades. A maioria das pessoas que tem carros automáticos não precisaria deles. Especialmente aqui no Brasil. Com exceção das grandes metrópoles, geralmente os trajetos de casa para o trabalho são curtos. Mesmo com o trânsito complicado, dificilmente você fica mais de uma hora dirigindo. E, passar marchas manualmente por pouco tempo não mata ninguém. Será então que vale a pena pagar mais caro por um sistema que pode te deixar na mão, mesmo em situações aparentemente tranquilas?
Assim são muitos dos produtos e serviços disponíveis hoje. Um e-reader. Sensacional. Eu mesmo possuo um. Mas, este é para entretenimento. Os livros realmente importantes são de papel. Se a bateria do Kindle acabar e eu não tiver como recarregá-la, o máximo que perco são alguns romances de ficção. A internet. Maravilhosa, sensacional, fantástica. Mas a ideia de guardar conteúdo crítico na nuvem não me agrada. Tudo o que é realmente importante está em papel, ou guardado nos discos rígidos dos computadores pessoais que tenho, devidamente equipados com no-breaks e baterias. É cômodo pagar suas contas bancárias e fazer transações financeiras pela internet. Mas eu prefiro ir ao caixa. Se a internet cai, não posso fazer nada. É sempre bom ter alguma quantia em dinheiro guardada em casa. Se falta energia, estamos prevenidos.
Fazer tudo usando os produtos e serviços hoje disponíveis é mais cômodo, e sem dúvida, mais eficiente. Mas, ao mesmo tempo, também é "atrofiante". Lembre-se que, para que você torne sua vida mais simples, existe toda uma infra-estrutura extremamente complexa envolvida. E, é nesta complexidade que mora o perigo. Uma falha que seria insignificante há poucos anos, como uma queda de energia com duração de uma hora, hoje já gera prejuízos consideráveis. À medida em aumenta nossa dependência de produtos e serviços "cômodos", o preço à pagar é uma menor tolerância à falhas. Vai chegar o tempo, e não vai demorar muito, em que, mesmo alguns minutos sem algum serviço poderá nos atingir seriamente.
Meu conselho é: Não se deixe levar pelo comodismo. Afinal, durante a maior parte da história da humanidade tivemos livros de papel e corríamos atrás de nossa comida. Não estou dizendo para largar a sociedade organizada e sair pela mata caçando. Mas tenha em mente que certos produtos e serviços podem até ser utilizados, mas não de forma crítica. Vivemos em um país onde não há transparência sobre as reais condições do que mantem a sociedade funcionando. Geralmente os governantes esperam a bomba estourar para tomar alguma providência.
Portanto, procure depender o mínimo possível dos sistemas complexos demais, Sempre que possível, opte pela simplicidade. Mesmo que dê um pouco mais de trabalho.
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