quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O que podemos esperar para 2016?

Termino 2015 realmente assustado!

Vejam alguns fatos estarrecedores que tivemos este ano, e particularmente nos últimos meses:

Zika virus e suas doenças, microcefalia e síndrome de Guillain-Barré.
Comportamentos extremamente anormais do clima, como temperaturas de verão em pleno inverno no Polo Norte e em diversas cidades no Hemisfério Norte, como Estocolmo e Nova York, bem como secas e chuvas jamais vistas no que diz respeito ao seu grau de intensidade,
A iminente desaceleração econômica da China, cujos primeiros efeitos já começamos a sentir.
A total falência do Estado Brasileiro. A crise nacional da saúde, com extremos no estado do Rio de Janeiro, de educação, com o sucateamento de diversas universidades públicas, atrasos e cancelamento de bolsas de estudo e de diversos programas educacionais, como o PRONATEC, de segurança, com o absurdo aumento da criminalidade, até mesmo nas cidades menores e nas zonas rurais e de infra-estrutura, com a paralisação ou redução no ritmo de centenas de obras, como por exemplo a transposição do Rio São Francisco.
A imensa crise de refugiados na Europa.
A ascensão do Estado Islâmico, mesmo com os constantes ataques aéreos às suas instalações.
O começo de uma nova corrida armamentista, agora entre EUA e Rússia, pelo menos no campo das armas convencionais.
A crise hídrica que, embora tenha sido amenizada nos estados do Sudeste, por causa da imensa quantidade de chuvas, continua particularmente grave no Nordeste.

O que é perturbador é que todas essas mudanças parecem ter vindo para ficar. Não há soluções fáceis ou rápidas para os problemas descritos acima. A tendência é que em 2016 possa até haver um agravamento e algumas dessas situações. Claro que temos que torcer para que pelo menos algumas delas sejam amenizadas. Mas é bom não contar muito com isso.
Portanto, 2016, tanto pelo cenário regional como pelo mundial, exigirá de todo sobrevivencialista manter a guarda alta e a atenção redobrada. Eu não acredito que venhamos a sofrer um colapso global rápido, como o causado por fenômenos como tempestades solares (pelo menos o Sol está entrando em um período de calmaria). Mas podemos sofrer com degradações no cenário econômico, por exemplo.
Outra questão pertinente é que temos que procurar otimizar nossas preparações com itens realmente necessários. Às vezes, determinados itens se tornam objetos de desejo. Mochilas ou botas especiais tem a sua utilidade, mas, muitas vezes, o seu preço faz com que elas tenham péssimo custo/benefício. Um item de valor intermediário vai resolver o seu problema, embora não seja tão vistoso quanto os mais caros.
Enfim, apesar dos pesares, desejo a todos um 2016 repleto de realizações, e que o ano vindouro não seja tão dramático quanto aparenta. Como pessoa, gostaria que todos os problemas mais urgentes começassem a ser resolvidos. Gostaria que chovesse à cântaros no Nordeste, que o clima se estabilizasse, que o governo encontrasse uma solução para a crise financeira, saúde, educação, segurança, entre outros. Mas como sobrevivencialista, sei que isto soa como utopia.. Mas não custa sonhar com o melhor!

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Barcos

Na maioria absoluta da literatura sobrevivencialista, quando se pensa em refúgio, em BOL, o que vem à mente é uma casa reforçada, ou um bunker, ou uma propriedade afastada dos grandes centros. Mas, existem uma outras alternativas quase que ignoradas, pelo menos aqui no Brasil: Os barcos.
Uma das vantagens de se ter um barco (que teria que ter um tamanho razoável, claro) é que ele poderia ser, ao mesmo tempo seu BOL e seu BOV, permitindo que você levasse suas preparações e as pessoas que fazem parte de seu núcleo para outros locais menos perigosos, em cenários de crise. Seria possível também não ficar tão vulnerável às intempéries, pois, se fosse detectada com certa antecedência, possibilitaria a fuga para áreas mais calmas. Uma outra vantagem é que, pelo menos em alguns tipos de barco, não seria necessário o uso de motores durante todo o tempo para o deslocamento, pois poderiam usar a força dos ventos, através de velas, e desta maneira, economizaria combustível, E, além disso, seria possível obter reforço alimentar através da pesca.
A principal desvantagem é que a maioria dos preparadores não teriam recursos financeiros para comprar e manter um barco, além de fazer toda uma preparação nele. Outra desvantagem é que obviamente tal método só poderia ser usado em áreas costeiras ou próximas a grandes cursos d'água.
Além disso, seria mais difícil esconder um barco. Ele poderia se tornar alvo de ataques de outros barcos, como já acontece em algumas regiões do mundo, em que piratas atacam até navios de grande porte.
Mas, apesar de suas desvantagens, este é um meio que merece uma abordagem mais aprofundada, o que pretendo fazer em algum dos próximos posts.
Quem quiser contribuir com a discussão, se sinta à vontade para deixar comentários.



sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Roteiro de Filme Catástrofe?

Ontem vi a minha primeira tempestade de areia. Mas não estava no deserto, e sim no sertão pernambucano, Moradores da região me garantiram que jamais haviam visto tal coisa. Depois de meses sem chover, ventos muito fortes levantaram uma grande nuvem de poeira. Parecia, embora em muito menor proporção, com aquelas tempestades de areia que assolaram parte dos Estados Unidos nos anos 30. Enquanto isso, no Hemisfério Norte, chama a atenção as temperaturas recordes para o inverno. Em Nova York, 22 graus, quando deveria estar fazendo 6. Em Estocolmo, seus cidadãos terão um Natal sem neve, que é algo muito raro. Voltando ao Brasil, chuvas com granizo no interior do Ceará, chuvas sem fim no Sul...
A todo instante, vemos as notícias meteorológicas nos telejornais, muitas vezes acompanhada da frase "tal fenômeno nunca tinha sido registrado em tal lugar" ou "as maiores chuvas, ou secas, ou tornados, ou outros, já registrados em 75, 100, 125 anos"...
Diante de tudo isso, percebemos que, independente do que os cientistas digam (há correntes que defendem que há aquecimento global, enquanto outras são  céticas em relação à isto), o clima está mudando, está ficando mais extremo. O que acontecerá nos próximos meses ou anos?
Os sobrevivencialistas devem, na minha humilde opinião, ficar mais atentos aos fenômenos climáticos. Devemos aumentar o ritmo de nossas preparações. Pois, parece que estamos seguindo um roteiro daqueles filmes catástrofe hollywoodianos. Uma série de fenômenos anormais são o prenúncio de que uma mudança muito drástica pode está á caminho. Será que podemos extrapolar isso para a nossa realidade?
A verdade é que o homem pouco sabe sobre o clima, e menos ainda a sua real influência nos padrões climáticos. Alguns cientistas defendem a "teoria do filme catástrofe". Eles alegam que o clima do planeta é um sistema marginalmente estável. Isto significa que pequenas modificações (como as causadas pelo aumento dos gases do efeito estufa oriundo das nossas atividades) podem desestabilizar o clima de forma muito intensa, e que estamos realmente muito perto de um ponto crítico.
Eu particularmente acredito que esta teoria soa um tanto exagerada. Porém acredito que as alterações locais já são suficientes para provocar crises localizadas. E para quem está no meio de uma SHTF, não importa se ela é local ou global.
Volto a dizer, portanto, que devemos aumentar o ritmo de nossas preparações, e que devemos procurar alternativas, como BOLs. Claro que a maioria de nós não teria como arcar com os custos de manter dois ou mais lugares preparados para emergências. Mas, devemos ao menos pensar em rotas de fuga para eventos dessa natureza.
Fiquemos de olho, jamais baixemos a guarda...

E Feliz Natal!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Sobre comunicações e fragilidade

Uma ação judicial bloqueou o popular aplicativo de troca de mensagens WhatsApp por 48 horas em todo o território nacional. Este é um fato bastante preocupante.
Em primeiro lugar, preocupa o fato de que uma juíza, em um determinado município brasileiro possa tomar uma decisão que afeta mais de 100 milhões de pessoas. Considerações à parte sobre vício digital, muitos usam este aplicativo para realizar diversas tarefas relativas ao seus trabalhos. Muitos terão que procurar outras formas de contactar seus clientes e fechar seus negócios, o que vai gerar prejuízos consideráveis num país que já está em crise financeira. Não se sabe nem o real motivo de tal decisão. Tanto poder concentrado nas mãos de uma única pessoa é um convite para tomar ações que podem ser consideradas ditatoriais e contra o interesse público.
Agora, imagine o que um governo que pode se ver sem saída pode vir à fazer. Não sei se há impedimentos técnicos, mas, teoricamente, parece não haver nada que possa impedir uma medida judicial que interrompa o funcionamento de todas as linhas de telefonia celular de uma cidade, estado ou do país. O mesmo deve valer para internet.
O que quero dizer com isso é que uma pessoa pode, através de uma simples medida judicial, trazer o caos. Esta situação revela um tipo até então insuspeito de perigo. O perigo de que algumas de nossas principais formas de comunicação possam ser interrompidas não por fenômenos da natureza ou ataques terroristas, mas simplesmente por uma canetada. Eu particularmente duvido que, quem toma uma decisão dessa natureza, está interessado no bem-estar da população.
Esta parece ser mais uma prova de que, quanto mais desenvolvida uma tecnologia, mais frágil ela se torna. Mais um motivo para todo sobrevivencialista investir em formas de comunicação que não dependam do sistema para funcionar. Talvez a melhor opção para uma comunicação desta natureza seja o rádio. Existem diversos modelos, fixos e portáteis, com diversas potências e alcances. Existem outros meios de comunicação off-grid, como por exemplo, o uso de pombos-correio. Mas, sem dúvida, o mais prático e eficiente é o rádio.
Devemos ficar atentos à mais esta ameaça...

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Como viver sem água

Esta semana estamos passando pela experiência de ficar sem água.

Aqui, com o racionamento no esquema de 4 dias sem água e 3 dias com água (na prática é 5 dias sem) por semana, quando tem água, enchemos as caixas, e, por precaução, enchemos também diversos tonéis e reservatórios, para não sermos pegos de surpresa.
Só que um defeito na válvula de retenção no encanamento fez com que, toda a água acumulada nas caixas escorresse de volta para a tubulação, quando o fornecimento foi interrompido.
Então, estamos nos virando só com a água dos tonéis (uns 250 litros).
Vou dizer que é algo extremamente estressante, ainda mais quando se tem filho pequeno. Qualquer coisinha, como usar o banheiro, escovar os dentes, lavar um prato ou tomar um banho dão uma mão de obra incrível. Um exemplo, ao levantar de manhã, a primeira coisa que se faz é ir ao banheiro e depois lavar o rosto. Depois de urinar, automaticamente se aperta a descarga. Então você se lembra que não tem água, e, para economizar, espera as três pessoas da casa urinarem (e o aroma que fica não é lá muito agradável) para só então ir aos fundos da casa, onde estão os tonéis e encher um balde para dar a descarga. Na hora de lavar o rosto, automaticamente se abre a torneira. Só que, como não sai uma gota, o jeito é usar a água da baciazinha em cima do balcão da pia. São idas e vindas com um balde para se fazer um café, para se lavar os alimentos, a louça e deixar tudo limpo. Os banhos são extremamente insatisfatórios, especialmente numa época de extremo calor como essa. Temos que apelar para o banho de cuia. E, parece que o meu filho advinha que não tem água e se suja mais que o habitual.
E, apenas 2 dias depois, os 250 litros de água estão perto do fim, mesmo tomando todo o cuidado. A sorte é que temos as casas dos parentes para nos salvar. Mas, e se fosse durante uma crise séria? E se o abastecimento na cidade for totalmente interrompido (há uma boa chance de que isso venha a acontecer no próximo mês de Janeiro)?
O que está acontecendo comigo e com minha família está servindo de alerta. Precisamos de muito mais água do que pensamos. Precisaremos, durante as crises, rever diversos conceitos em relação ao uso da água. E olhe que, pelo menos em relação à água para nosso consumo, temos diversos galões de água mineral. Mas, em caso de colapso total no abastecimento, não teremos como repor esta reserva. Não existe nenhum plano governamental para garantir um mínimo de água para a população. Não quero nem imaginar o que pode acontecer se, de fato, a água parar de chegar.
E, para piorar ainda mais a situação, não há chuvas previstas para os próximos dias aqui na região.

Para quem vive em regiões sujeitas à crise hídrica, as relações com a água terão que mudar. Temos que economizar. A era da água farta parece estar chegando ao fim. Coisas como banhos demorados, brincadeiras com água e piscinas podem se tornar artigos de luxo num futuro muito próximo...