quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Crise Hídrica Não Acabou

Nos 2 últimos meses tem chovido acima da média em alguns dos locais mais ameaçados pelo fantasma da falta de água no Brasil. Um exemplo é o tão falado Sistema Cantareira, que recuperou água do segundo volume morto e pouco mais da metade do primeiro volume morto. Isto parece ser uma ótima notícia. Mas não se engane. Em Abril de 2014 o nível deste manancial girava em torno de 10% de volume útil, ou seja, não se usava a reserva técnica dos volumes mortos. E na época, a preocupação já era grande com a pouca oferta de água. Outro agravante é que em Maio de 2014, para tentar reduzir o ritmo de queda do Cantareira, outros sistemas, como o Alto Tietê e o Guarapiranga foram usados como reforço. Situação que ainda perdura.
A grande preocupação que surge no horizonte é que, se o nível de chuvas durante o restante deste ano se mantiver nas médias históricas, chegaremos em 2016 a um nível ainda mais crítico nos reservatórios do Cantareira. Mas ninguém toca no assunto.
Brasil afora, existem outros lugares nos quais as chuvas simplesmente foram insuficientes para trazer algum alívio para os reservatórios. No Nordeste, 54 municípios estão literalmente sem água. Na cidade onde vivo, as chuvas não foram suficientes e o principal reservatório está com pouco mais de 20% de sua capacidade. Ele não resistirá ao próximo verão.
E os problemas não param por aí. Segundo o mais recente relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico, divulgado ontem, o nível dos reservatórios de duas das principais hidrelétricas do país, Sobradinho e Furnas, gira em torno dos 20%. O país ainda está usando todas as termelétricas que só seriam acionadas caso a geração hidrelétrica não fosse suficiente para garantir o abastecimento.
Mesmo em outros países, existem crises hídricas em andamento. O estado da Califórnia, nos EUA, acaba de decretar racionamento. O consumo terá que ser reduzido em 25%, pois a quantidade de água usada é maior do que a capacidade de reposição dos mananciais.
Diversos estudos comprovam que o grau de desperdício de água no Brasil é altíssimo. Mas, como é de praxe, as autoridades vão empurrando o problema com a barriga. Nada está sendo feito no sentido de melhorar os sistemas de distribuição de água no país.
Pode soar pessimista. Mas, o que estamos passando agora vai ser brincadeira de criança se comparado ao que passaremos daqui a um ano. A não ser que o milagre das chuvas acima da média continue ocorrendo durante o ano e que se espalhe por todo o país, o que, convenhamos, é pedir demais a São Pedro. A situação continua muito séria e, com o passar dos anos, a tendência é de que fique ainda mais séria.
Não devemos baixar a guarda. Continue a armazenar água, de todas as formas possíveis. Mantenha-se extremamente atento e acompanhe os sites de monitoramento dos reservatórios. Não confie, nem na mídia e nem no poder público...

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