domingo, 1 de março de 2015

Sobre Chuvas e Mídia

Um fato que me causa preocupação é como a mídia trata a questão climática no país. Vejam este mapa abaixo:


Este é o mapa de precipitação acumulada até 20 de Fevereiro, levando-se em conta apenas o ano de 2015. As áreas azuis mostram as regiões onde choveu acima da média histórica. E as áreas laranjas, onde choveu abaixo da média. Quanto mais forte a cor azul ou laranja, mais ou menos chuvas tivemos em relação à média histórica.
O grande foco de preocupação da mídia é a situação dos reservatórios de água das maiores e mais importantes cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro. Lá, choveu acima da média, a ponto de haver uma certa recuperação dos reservatórios. Na Região Norte, se fala muito sobre as cheias dos rios (que sobem por causa das chuvas nas regiões andinas, suas nascentes, mas que não significa necessariamente chuva sobre a Amazônia). Mas, o que a mídia NÃO destaca é que as regiões com quantidade de chuvas ABAIXO da média é muito grande. Áreas, aliás, nas quais estão dois dos maiores reservatórios de hidrelétricas do país. Furnas, com pouco mais de 12%, e Sobradinho, com pouco mais de 17% de sua capacidade de armazenamento, continuam com níveis perigosamente baixos. O governo já avisou que, se os níveis chegarem a 10%, provavelmente um racionamento de energia terá que ser adotado.
A mídia não parece estar se importando com o fato de que a quantidade de chuvas em boa parte do país está abaixo da média. Não parece se importar com as sérias consequências disso. O que vimos até agora em termos de crise hídrica pode não ser nada em relação à este mesmo período no próximo ano.
Aqui no Nordeste do país, é normal termos períodos de seca. Mas, pelo menos na região onde vivo, jamais vi algo semelhante à seca atual. Reservas de água consideradas perenes estão secas. No local onde faço as minhas preparações, a fonte de água, que mesmo nos anos mais secos, aguentou bem, desta vez não suportou e está praticamente seca. Perdemos muitas das árvores frutíferas, mesmo com irrigação. Não teremos, neste ano, produção de feijão-verde, maracujás, laranjas-baía...
E, conversando com outros companheiros, de outras áreas Brasil afora, boa parte me fala que jamais viram uma época com tão pouca chuva...
Acredito que o poder público tinha que aumentar, e muito, as campanhas de economia de água, desenvolver projetos de armazenamento e reciclagem, entre outras providências. Sem que boa parte da população se dê conta, estamos em uma situação cada vez mais preocupante. E isso tudo, num país que tem a maior reserva de água doce do mundo...

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