A conta não é essa:
US$ 1 = R$ 3,12.
É essa:
R$1 = US$ 0,32.
Há um ano, 1 real valia um pouco menos de US$ 0,48.
Em um ano, o real perdeu cerca de 33% de seu valor.
O problema é que boa parte dessa desvalorização ocorreu nas últimas semanas. Lendo as análises econômicas feitas no começo de 2015, os piores cenários previam o dólar a R$ 2,90. Se tomarmos a cotação do dólar como parâmetro para medir o desempenho da economia, estamos muito mais ferrados do que os pessimistas achavam que ficaríamos. E se isso também for verdade para outros parâmetros, como PIB e inflação?
Independente das questões políticas, temos que nos preparar para o que pode ser a maior crise pela qual este país já passou. Existe uma frase que relata bem a situação na qual nos encontramos:
Twice the pride, double the fall. (Quanto maior o orgulho, maior a queda).
Estávamos imensamente orgulhosos, com nosso crescimento sólido, com grandes obras e eventos, com a Petrobrás de vento em popa, com pré-sal, com diversas empresas se instalando aqui. A corrupção e a má administração, embora sempre presentes, com escândalos como o Mensalão, parecia não ser algo tão grave, a ponto de ter algum efeito na pujança.
Porém, com o enfraquecimento do crescimento econômico, as obras faraônicas superfaturadas e muitas vezes inúteis (como boa parte dos estádios da Copa), ou extremamente atrasadas, como a Transposição das Águas do Rio São Francisco, com a corrupção institucionalizada, cujo exemplo maior (mas não único) é a Petrobrás, os gastos governamentais elevados e sem controle, entre outros problemas, faz com que, agora, o país, entre numa trajetória descendente, e aparentemente, sem controle.
Problemas que deveriam ter sido resolvidos quando havia dinheiro de sobra para isso, como as questões hídrica e energética, foram sendo empurradas com a barriga e agora, justamente na hora em que, para tentar recuperar a economia exige-se corte de gastos, esses investimentos são mais necessários do que nunca. Sem um fornecimento adequado de energia e água, novas empresas e investimentos não são feitos. E sem investimentos e empresas, a economia não se recupera. E, ao não se recuperar, os necessários investimentos em infra-estrutura não podem ser feitos.
Imagine como ficará a população se o desemprego aumentar muito, se os auxílios governamentais forem extintos, se o real continuar a se desvalorizar e a inflação a subir. Voltaremos aos anos 80, só que com uma população muito maior e com falta de energia e água. Cenário de caos, certamente.
E se tomarmos como base a cotação do dólar, 2015 pode entrar para a história como o início da pior crise enfrentada pelo Brasil em sua história...
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