Nos últimos anos, a maioria dos serviços em boa parte dos países do mundo dependem da internet para funcionar adequadamente. De caixas eletrônicos a aeroportos, passando por sistemas de controle de trânsito, iluminação urbana, distribuição de energia, transporte, entre outros, todos dependem, em maior ou menor grau, de redes de computadores e internet.
O planeta ficou assustado quando em Maio passado, um ransomware, que é um software malicioso, que bloqueia dados de computadores e só os liberam mediante o pagamento de um "resgate", chamado WannaCry, infectou computadores nos mais diversos países. Na Inglaterra, por exemplo, o sistema de saúde pública ficou paralisado, pois era impossível gerenciar os atendimentos e até mesmo os deslocamentos das ambulâncias no país. Ao todo, o ataque atingiu mais de 70 países, inclusive o Brasil, e por aqui paralisou o INSS por algum tempo. O WannaCry usa uma brecha de segurança dos Windows mais antigos, como o XP, que ainda são largamente usados em diversos sistemas computacionais planeta afora, e, até hoje, não se sabe exatamente quem deflagrou o ataque. Os suspeitos vão de hackers russos ao governo da Coréia do Norte. Hoje, neste exato momento, a Ucrânia está sob um ataque cibernético. Por enquanto, não há informações exatas sobre a extensão deste ataque, mas em eventos anteriores, houveram apagões na rede elétrica e fechamento temporário de aeroportos.
O que é assustador é que estes ataques estão se tornando mais frequentes e mais abrangentes. O episódio envolvendo o WannaCry foi o mais extenso ataque cibernético da história, e, pelo jeito, não vai parar por aí. Primeiro porque esta é uma guerra, que, ao contrário da guerra convencional, a disparidade de forças é bem menor entre os combatentes. E, quanto mais desenvolvido e conectado for o país alvo, mais problemas este país terá com ataques cibernéticos.
Vamos imaginar a hipotética situação em que um país como o Irã ou Coréia do Norte resolva atacar maciçamente a infra-estrutura de um país como os EUA. Estes, numa guerra convencional, jamais poderiam fazer frente ao imenso poder da máquina militar americana, a mais poderosa e tecnologicamente avançada do planeta. Mas, no campo virtual, é diferente. Estes países poderiam contratar hackers e coordenar ataques cibernéticos de qualquer lugar do mundo e os EUA nem sequer teriam a certeza de quem os atacou. Mesmo que os EUA tivessem a certeza de que foi um desses países citados que os atacou, seria impossível dar "o troco digital". A internet, especialmente na Coréia do Norte, não é um serviço largamente utilizado, nem pelos seus habitantes e nem pelas suas empresas. E, para completar, episódios como o do WannaCry demonstram que as empresas que fornecem serviços críticos, tanto privadas quanto estatais, não tem se preocupado como deveriam em relação à segurança cibernética. Muitas ainda usam sistemas operacionais antiquados e desprotegidos em seus computadores, e não investem em ferramentas de proteção, e nem em profissionais da área de segurança digital. Falta também uma cultura voltada à segurança digital entre os próprios funcionários destas empresas. Muitos fazem, no trabalho, acesso a conteúdo de origem duvidosa e não são nada cuidadosos em administrar suas contas de e-mail, dentre outras atitudes inseguras.
Nós, enquanto usuários, podemos nos proteger da maioria absoluta dos ataques cibernéticos simplesmente usando sistemas operacionais atualizados, com ferramentas de segurança como antivírus e firewalls. Devemos também, ficar atentos ao que acessamos na internet, devendo evitar sites não confiáveis e links suspeitos recebidos por e-mail ou outros sistemas de comunicação (como o WhatsApp).E, acima de tudo, devemos fazer backups de nossos dados mais críticos, tanto de forma local (usando DVDs ou discos rígidos adicionais) quanto na nuvem.
Seria ideal reduzirmos tanto quanto possível a nossa dependência em relação à internet. Mas esta não é uma tarefa fácil. Então, ao menos, deveríamos ter alternativas em caso de falhas no funcionamento da rede. Eu mesmo imprimi e transformei em livro muitos dos conteúdos sobrevivencialistas mais cruciais. Sempre guardo algum dinheiro escondido, para a eventualidade de ser impossível usar os bancos.
Enfim, ataques cibernéticos que podem afetar a nossa infra-estrutura parecem estar se tornando uma possibilidade cada vez mais plausível. Antes, um apagão ou o fechamento de um aeroporto causado por hackers era algo que ficava restrito aos filmes de ação. Hoje, são uma possibilidade real, que pode trazer enormes prejuízos e gerar, potenciais situações de crise.
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