A crise financeira está aí. E, ao contrário da de 2008, essa parece que não vai ser uma marolinha. Não precisamos de dados deste ou daquele órgão para perceber que a situação é séria. Muitos amigos perderam o emprego ou vêem quedas significativas de faturamento em seus negócios. Andando pelas ruas, vemos muitas lojas fechadas, muitas galerias recém-construídas esperando por inquilinos para as suas lojas, e, nas que permanecem abertas, ou os vendedores passam quase o dia todo de braços cruzados, ou boa parte deles já foi mandada embora. Vemos os juros básicos da economia subindo. Vemos os juros estratosféricos do cheque especial e do cartão de crédito. Vemos um governo fazendo cortes orçamentários em todas as áreas, até naquelas em que, mesmo com todo o dinheiro disponível, já não eram eficientes, como a segurança pública, a saúde e a educação.
Soma-se a isso, a crise hídrica absolutamente sem precedentes. Quando observamos a variação da quantidade de água nos reservatórios de 3 das principais regiões metropolitanas do país, é possível perceber que as recargas nas estações chuvosas não foram, nem de longe, suficientes para restabelecer a capacidade de armazenamento destes. Em várias outras cidades espalhadas pelo país, a situação também é preocupante. Há locais em que a água dos reservatórios durará apenas até o fim do ano. Há locais em que já não há água, e que o abastecimento é feito por carros-pipa. Mas, imagine uma cidade de médio/grande porte sendo abastecida dessa maneira. Totalmente inviável.
Boa parte da população está sendo submetida a dois tipos de pressão: A financeira e a hídrica. Com exceção da região do semi-árido brasileiro (que inclui áreas de todos os estados nordestinos e norte de Minas Gerais), nunca na história a população de médias e grandes cidades brasileiras, especialmente do Sudeste, tinha sofrido esta pressão simultânea.
Estamos chegando à um momento crucial, que deve ser atingido nos últimos meses de 2015 e nos primeiros de 2016. Como a população reagirá à uma situação na qual, além da crise financeira, há também uma crise no abastecimento de água?
Temos que nos preparar para a possibilidade de uma real degradação na organização da sociedade brasileira nos próximos meses. Pode parecer um certo exagero. Mas, as medidas tomadas pelos governantes para gerenciar as duas crises tem sido ineficazes.
É importante manter o tema da água sempre na pauta. Porque crises financeiras, por mais duradouras que sejam, um dia elas acabam. Mas, pessoas e cidades não conseguem sobreviver se não houver água. E, pela mudança do comportamento das chuvas e aumento de consumo de água vistos nos últimos anos, a escassez parece que veio para ficar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário