segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A Barbárie Toma Conta

Ao longo das primeiras semanas de 2017, eclodiram rebeliões em diversos presídios país afora. Nos estados do Amazonas, Roraima, Rio Grande do Norte, Paraná e Paraíba, mais de 130 presos morreram. 
Mas, o que chama a atenção é a maneira como tais mortes aconteceram. Foram mortes extremamente violentas, em que membros de facções criminosas rivais se envolveram em conflitos que resultaram em decapitações e carbonizações que fazem os piores filmes de terror parecerem contos infantis. Detentos contando piadas e debochando dos rivais, enquanto cortavam suas cabeças e as atiravam pelas janelas. Detentos queimados vivos. Detentos sendo totalmente retalhados...
Muitas prisões brasileiras são uma terra sem lei, onde os detentos estabelecem suas próprias regras e onde os agentes penitenciários simplesmente não entram. Em algumas delas, sequer há grades nas celas. Contrabando de armas, celulares e drogas para dentro das prisões é algo corriqueiro. Soma-se a isso as condições extremamente insalubres. Locais superlotados, imundos, infestados de ratos e insetos, com alimentação insuficiente. Os detentos não são classificados de acordo com o seu nível de periculosidade. Então, alguém sem antecedentes criminais é colocado ao lado dos piores e mais frios assassinos. As disputas por poder são intensas, pois, mesmo quem não tem um "lado", certamente é obrigado a escolher um quando se vê lá dentro. 
É realmente um barril de pólvora. É de se esperar que, em algum momento, pessoas colocadas num lugar onde não há autoridade, divididas em grupos e sob as piores condições possíveis, vão chegar às vias de fato. 

Então nós, que estamos aqui fora, ficamos gratos por não estarmos presos em um inferno desses. 

Mas, temos que ter a consciência de que, a qualquer momento, o inferno pode chegar até nós! Não estamos presos, mas vivemos sob intensa pressão. Muitas pessoas ficam horas em locais superlotados, sujos e relativamente perigosos simplesmente no deslocamento casa-trabalho-casa. Muitos moram em áreas de risco, onde qualquer chuva é motivo de preocupação, onde tem que conviver diariamente com cenas quase tão brutais quanto a dos presídios. Muitos tem que fazer um esforço sobre-humano para tentar pagar as diversas contas no final do mês, sob a crescente ameaça do desemprego. A única coisa que nos mantém relativamente controlados é que ainda há uma certa presença de autoridade e de leis. 

E se acontecer algum problema sério, mesmo que temporário, em algum sistema fundamental para o funcionamento da sociedade, como uma falha elétrica? Se algo assim acontece, as pessoas logo perceberam que os sistemas de controle, como polícia e bombeiros, ficarão severamente limitados em sua atuação. Se a falha dura um pouco mais, até mesmo as comunicações começam a ficar comprometidas... 

E o que você acha que irá acontecer?

A camada de civilidade da raça humana é muito, muito fina. E o que tem por baixo dela é muito, muito feio. E só espera uma oportunidade para se mostrar. O que acontece nas prisões, ou em greves das forças de segurança, ou em falhas generalizadas mostra isso claramente. 

Nós, sobrevivencialistas, temos que ficar atentos à este fato!!!

Abaixo, alguns links de eventos ocorridos, que corroboram o que está escrito acima. 



terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Deixados Para Trás...

Em primeiro lugar, gostaria de desejar a todos um 2017 cheio de realizações, saúde, paz e sucesso (e claro, um dinheirinho não faz mal, né?).

Começo o ano com um tema que deve angustiar a maioria dos sobrevivencialistas. Imagine a seguinte situação:

Durante um cenário de crise, você tem que deixar seu refúgio ou abrigo imediatamente, pois o local está seriamente ameaçado. Acontece que um de seus companheiros está ferido e o ferimento o impede de se locomover por conta própria. Você não possui um veículo no qual possa remover esta pessoa em segurança. O que você faria?
Se você ficar com a pessoa ferida, o risco de morte é de praticamente 100%.
Se você tentar levar a pessoa ferida com você, suas chances de escapar são nulas.
Se você for, e deixar a pessoa ferida para trás, a morte desta pessoa é certa, e talvez, por piedade, você mesmo tenha que dar o "golpe de misericórdia".

E se fosse você a pessoa ferida? O que você gostaria que fizessem?

Esta é uma possibilidade aterradora, mas totalmente verossímil.
Se usarmos a lógica fria, para garantir a própria sobrevivência e a dos demais elementos do grupo, o correto é deixar o ferido para trás, morto pelas suas próprias mãos, mesmo sabendo que, com algum tempo, ele poderia se recuperar totalmente. Ou, o ferido se sacrificaria para que os outros pudessem sobreviver.
Mas, somos criaturas emocionais. Quem teria, dentre nós, coragem para deixar um companheiro para trás, especialmente se existem fortes laços de amizade e companheirismo? Quem concordaria tranquilamente em ser deixado para trás e ter uma atitude heroica de dar cabo de sua própria vida, ou pedir para que um de seus companheiros o fazer?

Talvez eu esteja pintando um quadro feio demais. De repente, as pessoas que estariam ameaçando o abrigo não sejam tão cruéis assim. Talvez elas até cuidem do ferido até que ele se recupere o suficiente para ficar por conta própria e só então o expulsam do refúgio.
Mas, diante de todos os relatos que tenho lido sobre as reações das pessoas em situações de crise, eu não apostaria em atitudes altruístas. O quadro tem que ser pintado feio mesmo!
Afinal, em um cenário de crise, adultos roubam comida de crianças ou idosos, mesmo que para isso tenham que matá-las. Quando maior o desespero, mais drásticas e menos humanas serão as atitudes para sobreviver.

O verniz de civilidade da raça humana se descasca muito rápido, e o que tem por baixo é muito, muito feio...

Devemos portanto, pensar em formas de minimizarmos as chances de situações como a que descrevi acima acontecerem. Discrição, atenção e prevenção devem ser nossa forma de agir, mesmo nesses tempos "normais"!